Mais de 28 anos após cometer um assassinato brutal motivado por vingança, o réu foragido Tamiro do Nascimento foi finalmente condenado a 16 anos e 4 meses de reclusão em regime fechado. O veredito foi proferido pelo Tribunal do Júri da Comarca de Nova Xavantina (Mato Grosso), que acolheu integralmente a tese do Ministério Público.
O crime, ocorrido em 25 de maio de 1997, foi qualificado por motivo torpe e uso de recurso que impediu a defesa da vítima, Ranusa Pereira da Silva.
A motivação do homicídio foi o inconformismo do acusado com uma ação judicial de investigação de paternidade e pensão alimentícia movida pela vítima, mãe de seu filho de 11 meses. Diante da iniciativa legal, o réu passou a ameaçar e perseguir a mulher, exigindo a desistência do processo.
Na madrugada do crime, a vítima — que havia fugido da cidade e retornado apenas para deixar o filho com a mãe — foi abordada pelo acusado. Ele a levou até um lixão, onde a agrediu com golpes de ripa de madeira na cabeça, executando-a e eliminando qualquer chance de defesa.
O réu fugiu imediatamente após o homicídio e permanece foragido. O processo ficou suspenso por anos, sendo reativado em 2022. Tentando uma manobra legal, o acusado solicitou participar do julgamento por videoconferência, mas o pedido foi negado pelo Judiciário e pelo Ministério Público, que não admitem o interrogatório de réus ausentes.
Apesar da ausência física do condenado, a sessão de julgamento foi marcada pela presença dos filhos e familiares da vítima, que viajaram de outra cidade para acompanhar o desfecho do caso, que antecedeu a criação das leis de proteção à mulher, como a Maria da Penha e o Feminicídio. A condenação representa uma vitória tardia na busca por justiça para o crime.