Mesmo com uma trajetória marcada por sucessos icônicos como o Super Nintendo, Wii e o popular Switch, a Nintendo também teve seus tropeços ao longo das últimas décadas. Um deles, talvez o mais notório, acaba de completar 30 anos: o Virtual Boy, lançado em julho de 1995, é amplamente considerado o maior fracasso comercial da empresa.
Projetado para oferecer uma experiência pioneira de gráficos em 3D estereoscópico, o Virtual Boy prometia revolucionar a forma como os jogos eram jogados — mas o que deveria ser uma inovação acabou se tornando um caso clássico de expectativa frustrada.
Lançamento promissor, vida curta
O Virtual Boy chegou ao mercado japonês em 21 de julho de 1995 e desembarcou nos Estados Unidos poucas semanas depois, em 14 de agosto. À época, a promessa era ambiciosa: um console portátil com tecnologia 3D que levaria os jogadores a um novo patamar de imersão. Seu design peculiar em vermelho e preto chamou a atenção, e a expectativa era alta após o sucesso do Super Nintendo.
No entanto, o entusiasmo não se sustentou. Em apenas cinco meses, o produto foi descontinuado no Japão. Com vendas globais que mal ultrapassaram 770 mil unidades, o console teve vida curta — especialmente se comparado ao sucesso estrondoso de outros aparelhos da Nintendo.
O que deu errado com o Virtual Boy?
Vários fatores contribuíram para o fracasso do Virtual Boy. Um dos principais foi o seu preço elevado, inicialmente fixado em US$ 179,99 — considerado caro para a época, especialmente para um console que exigia ser apoiado sobre uma superfície, com jogabilidade limitada e gráficos monocromáticos em tons de vermelho.
Além disso, o console causava desconforto físico em muitos usuários. Queixas como dores de cabeça, náuseas e fadiga ocular eram frequentes, resultado da tecnologia mal aplicada e da falta de ergonomia no design. O catálogo de jogos também deixou a desejar: apenas 22 títulos foram lançados, e os grandes nomes da casa, como Zelda e Metroid, sequer marcaram presença. O destaque ficou para títulos como Mario Clash e Mario’s Tennis, que não conseguiram sustentar o interesse do público.
Um erro assumido — mas não esquecido
Curiosamente, mesmo sendo um fracasso retumbante, o Virtual Boy não foi apagado da história da Nintendo. Pelo contrário: a empresa ainda reconhece o console em exposições oficiais e lojas de memorabilia no Japão. No Museu da Nintendo em Uji, na Prefeitura de Kyoto, visitantes podem encontrar artefatos do Virtual Boy e produtos comemorativos.
Apesar de todos os problemas, o console marcou um momento importante na história da companhia: foi um experimento ousado, que mesmo não alcançando sucesso, ajudou a pavimentar o caminho para inovações futuras — incluindo a bem-sucedida linha de portáteis da Nintendo e os avanços atuais em realidade virtual.
Hoje, 30 anos depois
Em 2025, a Nintendo colhe os frutos de sua atual geração com o Switch 2, que caminha para se tornar o console mais vendido da história da empresa. Mesmo assim, o aniversário de 30 anos do Virtual Boy serve como um lembrete de que nem mesmo gigantes da indústria acertam sempre.
E, para os fãs mais nostálgicos ou curiosos, o Virtual Boy permanece como uma peça cult — um símbolo de ambição desmedida e, paradoxalmente, da coragem de inovar.
