Futsal feminino e resistência sempre caminharam juntos no Brasil, e poucas histórias ilustram isso tão bem quanto a de Tampa, ala da Seleção Brasileira, agora às vésperas de disputar a primeira Copa do Mundo Feminina de Futsal da FIFA — um marco histórico para a modalidade, reconhecido oficialmente pela CBF e pela entidade máxima do futebol.
A atleta relembra episódios que mostram o quanto a modalidade lutou para sobreviver: camisas bordadas à mão, números pintados às pressas e estruturas improvisadas que contrastam com o cenário atual, em que o futsal brasileiro passou a ter regulamentação direta da CBF e maior visibilidade nacional. “Teve Mundial em que o uniforme chegou sem número. A gente teve que pintar com canetão”, relembra.
Nascida em Constantina (RS), Tampa começou cedo no esporte. O apelido surgiu ainda na adolescência, quando era a menor da equipe e virou “Tampinha”, nome que acabou se consolidando mesmo contra a vontade dos pais. Sua evolução veio em meio a campeonatos escolares, treinos intensos e a mudança para Chapecó, onde iniciou a trajetória profissional pela Female, equipe tradicional do futsal nacional.
A carreira internacional começou em 2017, no Pescara-ITA, passagem que abriu portas para clubes como Ternana, Leoas da Serra, TikiTaka Planet, Bitonto e, atualmente, a Roma. Tampa destaca que a estrutura italiana ajudou na maturidade competitiva, enquanto no Brasil o desenvolvimento ganhou força após a integração do futsal à CBF, fortalecendo torneios, calendário e base.
No centro de tudo, a família sempre foi o pilar fundamental. O pai, que não pôde seguir no futebol por obrigações no campo, viu na filha a continuação de seu sonho. “Eles viveram tudo comigo. Meu pai acordava às 5h pra me levar aos treinos. Minha família inteira está comigo neste momento.”
A convocação para a Seleção em 2014, sob comando de Éder Popioski, foi o ponto de virada em sua carreira. Tampa, que atravessava fase delicada, recebeu confiança e respondeu em quadra: marcou em final, renasceu competitivamente e consolidou seu espaço na equipe que hoje briga pelo título inédito.
Agora, às vésperas da estreia contra o Irã, Tampa vive a ansiedade saudável de quem carrega responsabilidade histórica. “Temos uma seleção forte, unida e corajosa. Sabemos o peso desse Mundial.” Ao lado da amiga de longa data Débora Vanin, ela celebra a chance de representar o país no torneio que promete elevar o futsal feminino a outro patamar.
Para além da disputa, Tampa enxerga o legado: mais organização, calendário sólido, valorização da base e visibilidade — pontos que, segundo ela, podem transformar o futuro da modalidade no Brasil. “Espero que as próximas gerações encontrem ainda mais do que nós construímos.”
O impacto da chancela da FIFA deve acelerar o crescimento da modalidade, e Tampa quer estar entre as pioneiras que mudaram a história dentro de quadra. Para acompanhar mais notícias de esportes e entender o desenvolvimento do futsal no país, o torcedor encontra um cenário cada vez mais sólido e reconhecido pelas entidades oficiais.
“Queremos entrar para a história como as primeiras campeãs mundiais. Força, união e coragem não vão faltar.”


















