O Governo do Estado do Rio de Janeiro anunciou que o Complexo e a Aldeia do Maracanã estão entre os bens públicos que podem ser colocados à venda. A proposta, que ainda está em discussão na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), reacendeu o debate sobre o futuro do estádio mais icônico do país — e colocou Flamengo e Fluminense novamente no centro da conversa.
A ideia de uma possível privatização do Maracanã ganhou força após reunião da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Alerj, realizada em 22 de outubro. Segundo informações divulgadas pela imprensa carioca, há a possibilidade de o estádio ir a leilão, como parte de uma medida para ajudar o Estado a reduzir sua dívida com a União, que já ultrapassa R$ 190 bilhões.
Interesse do Fluminense e grupo de investidores
De acordo com informações do jornal O Globo, o Fluminense manifestou interesse em participar da compra do Maracanã. O movimento, no entanto, não partiu diretamente da diretoria atual, mas de investidores interessados na futura Sociedade Anônima do Futebol (SAF) do clube. A compra do estádio seria vista como uma oportunidade estratégica para consolidar o projeto de longo prazo e fortalecer a autonomia tricolor.
Fontes ligadas ao clube afirmam que essa possibilidade vem sendo analisada como parte de um plano de reestruturação institucional, que prevê maior independência e estabilidade financeira para o Fluminense nos próximos anos.
Flamengo também na disputa
O Flamengo, que atualmente divide a administração do estádio com o rival, também acompanha de perto as movimentações políticas. Em entrevista ao G1, o deputado estadual Rodrigo Amorim revelou que o presidente do Flamengo, Rodolfo Landim, se reuniu com o presidente da Alerj, Rodrigo Bacellar, para tratar do assunto.
Segundo o parlamentar, o Flamengo avalia a compra como uma oportunidade de consolidar o controle sobre o estádio, considerado essencial para a manutenção da sua estrutura esportiva e de eventos.
Leilão ainda não é certo
Apesar das discussões, a venda do Maracanã ainda não é uma decisão definitiva. A proposta de leilão precisa ser aprovada pelo plenário da Alerj antes de qualquer medida prática. Caso a autorização seja concedida, a empresa Fla-Flu Serviços S.A., que atualmente administra o estádio, poderá participar do processo.
O governo estima que a venda de imóveis públicos, incluindo o Maracanã, possa gerar até R$ 2 bilhões aos cofres estaduais. O montante seria destinado à amortização da dívida do Estado do Rio de Janeiro com a União.
Como funciona a atual concessão
Desde abril de 2019, Flamengo e Fluminense administram o Maracanã de forma compartilhada, por meio de um Termo de Permissão de Uso. A parceria, apelidada de “Fla-Flu Serviços S.A.”, distribui as cotas de participação da seguinte forma: 65% para o Flamengo e 35% para o Fluminense.
A concessão atual tem validade até 2044 e inclui, além do Maracanã, o Ginásio Maracanãzinho. Já o Parque Aquático Júlio Delamare e o Estádio de Atletismo Célio de Barros seguem sob responsabilidade direta do governo estadual.
O que está em jogo
A possível venda do Maracanã reacende um debate antigo: quem deve, de fato, controlar o estádio mais simbólico do futebol brasileiro? Enquanto alguns defendem que a iniciativa privada pode modernizar e tornar a gestão mais eficiente, outros temem a perda de um patrimônio histórico e cultural do Rio de Janeiro.
Por ora, a discussão segue no campo político, e a decisão final dependerá da votação na Alerj. Até lá, o Maracanã continua sendo palco de grandes clássicos e de uma parceria que, apesar das diferenças, vem mantendo o estádio ativo e rentável desde 2019.


















