Sincretismo de Cosme e Damião ganha exposição em São Paulo

A mostra reúne obras de diferentes continentes e tradições, destacando a diversidade cultural e religiosa dos santos gêmeos.

Fonte: CenárioMT

Sincretismo de Cosme e Damião ganha exposição em São Paulo
Sincretismo de Cosme e Damião ganha exposição em São Paulo - Foto: acervo de Ludmilla Pomerantzeff

A cidade de São Paulo recebe a exposição “Cosme e Damião ─ diversidade e coexistência”, inaugurada neste sábado (15) na Fundação Maria Luisa e Oscar Americano. A mostra permite ao público conhecer diversas interpretações sobre a história desses santos católicos, famosos pelo sincretismo religioso no Brasil.

Com peças do acervo de Ludmilla Pomerantzeff, a exposição inclui obras dos séculos 18 e 19 provenientes da Europa, Ásia e Nordeste brasileiro, além de esculturas africanas e de um ícone ortodoxo da Coleção Ivani e Jorge Yunes. O público poderá apreciar arte sacra erudita e popular, evidenciando as origens mestiças e o sincretismo religioso.

[Continua depois da Publicidade]

Cosme e Damião

Conhecidos originalmente como Acta e Passio, os gêmeos nasceram no final do século 3 d.C. em Egeia, na Arábia. Médicos formados na Síria, ficaram famosos por exercer medicina gratuita, sendo chamados de anárgiros, termo grego que significa “avessos ao dinheiro”. Além de curar enfermos, promoviam o bem-estar espiritual, convertendo pessoas ao cristianismo e conquistando grande respeito, mesmo enfrentando perseguições e torturas.

O culto aos gêmeos chegou ao Brasil em 1530, trazido pelo capitão-donatário Duarte Coelho Pereira. No Nordeste, passaram a ser invocados contra epidemias e são considerados protetores de farmacêuticos e cirurgiões, sendo solicitados em casos de parto de gêmeos e proteção contra feitiçaria.

[Continua depois da Publicidade]

Sincretismo

No século 19, Cosme e Damião ganharam destaque pelo sincretismo nas religiões de matriz africana, especialmente entre as comunidades negras brasileiras. O curador Rafael Schunk explica que essa fusão religiosa permitiu integrar doutrinas e crenças distintas, mesmo em um contexto colonial restritivo à liberdade de culto.

Por meio da conexão entre culturas africanas e católicas, os irmãos médicos são sincretizados aos gêmeos Ibejis da cultura iorubá, representando dualidades como dia e noite, masculino e feminino. Além deles, a iconografia afro-brasileira inclui Doum, terceiro personagem que simboliza o espírito infantil de crianças até sete anos e é celebrado nas tradições afro-católicas.

Schunk destaca que a exposição evidencia diversidade e coexistência inter-religiosa, desde o catolicismo festivo até a valorização das africanidades. O público poderá conferir obras vindas da Europa, Ásia e diversos estados brasileiros, com destaque para a Bahia.

A mostra está aberta das 10h às 17h30, de terça a domingo, na avenida Morumbi, 4077. A entrada é gratuita às terças e custa R$ 40 (inteira) e R$ 20 (meia) nos demais dias.

Para receber nossas notícias em primeira mão, adicione CenárioMT às suas fontes preferenciais no Google Notícias .