Regulamentação de streaming gera preocupação entre cineastas independentes

A aprovação do projeto de lei sobre streaming no Brasil provoca críticas de produtores independentes, que temem retrocessos no financiamento do audiovisual nacional.

Fonte: CenárioMT

Regulamentação de streaming gera preocupação entre cineastas independentes
Foto: SP. Foto Paulo Pinto/Agencia Bra

A recente aprovação da regulamentação dos serviços de streaming pela Câmara dos Deputados, no último dia 4, acendeu debates entre produtores de cinema independente sobre o futuro do financiamento do setor audiovisual no Brasil.

O Projeto de Lei nº 8.889/2017, de autoria do deputado licenciado Paulo Teixeira (PT-SP) e relatado pelo deputado Professor Dr. Luizinho (PP-RJ), ainda precisa ser analisado pelo Senado antes de seguir para sanção presidencial. Caso sancionado, poderá ter trechos vetados ou ser aprovado integralmente.

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As regras abrangem plataformas de vídeo sob demanda (VoD), nacionais e estrangeiras, como Netflix, Amazon Prime, Disney+ e Globoplay, exigindo que paguem a Contribuição para o Desenvolvimento da Indústria Cinematográfica Nacional (Condecine). A cobrança varia de 0,1% a 4%, de acordo com a receita bruta anual, com isenção para empresas de até R$ 4,8 milhões.

O texto prevê ainda deduções e benefícios: a contribuição poderá ser reduzida em 75% se mais da metade do conteúdo for nacional, e as plataformas devem manter ao menos 10% de obras brasileiras, com até 700 títulos.

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O Ministério da Cultura avaliou que a regulamentação representa um avanço para o setor, destacando conquistas como a Condecine Remessa, taxa de 11% sobre valores enviados ao exterior, com isenção para quem reinvestir 3% na produção independente.

Cineastas independentes

Representantes do setor, como a Associação de Profissionais do Audiovisual (API), criticam pontos que podem enfraquecer a prioridade de produtores independentes. Entre eles, a possibilidade de plataformas abaterem parte de seus subsídios em produções próprias, favorecendo conteúdos ligados a canais de TV, e a contagem equiparada de episódios de série a longas-metragens, desvalorizando o cinema nacional.

Cineastas e produtores alertam ainda para a redução da visibilidade de regiões Centro-Oeste, Norte e Nordeste, com o poder de decisão concentrado nas plataformas.

Protestos

Antes da votação, atos foram realizados em várias capitais, reunindo cineastas, roteiristas, produtores e técnicos. O movimento Pega a Visão critica o projeto por transformar a regulação em um mecanismo de incentivo público a empresas estrangeiras, sem garantir estabilidade ou financiamento ao setor independente.

A mobilização segue, com reivindicação de 20% de obras nacionais nos catálogos e proteção à independência criativa, reforçando que a luta por uma regulamentação justa ainda está em curso.

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Gustavo Praiado é jornalista com foco em notícias de agricultura. Com uma sólida formação acadêmica e vasta experiência no setor, Gustavo se destaca na cobertura de temas relacionados ao agronegócio, desde insumos até tendências e desafios do setor. Atualmente, ele contribui com análises e reportagens detalhadas sobre o mercado agrícola, oferecendo informações relevantes para produtores, investidores e demais profissionais da área.