O músico, compositor e ator Jards Macalé morreu nesta segunda-feira (17), aos 82 anos, no Rio de Janeiro. Ele estava internado em um hospital na Barra da Tijuca para tratar um enfisema pulmonar e sofreu uma parada cardíaca após passar por cirurgia. A informação foi confirmada por familiares.
Em comunicado, a família relatou que o artista chegou a despertar do procedimento cirúrgico cantando “Meu Nome é Gal”, demonstrando o bom humor característico.
Biografia
Jards Anet da Silva nasceu em 3 de março de 1943, na Tijuca, zona norte da capital fluminense. Sua trajetória artística começou nos anos 1960, período em que consolidou sua presença na cena cultural brasileira.
Cresceu cercado por referências musicais, desde os batuques do samba no morro da Formiga até os clássicos interpretados por Vicente Celestino e Gilda de Abreu, seus vizinhos. Em casa, era influenciado pelas valsas, modinhas e foxes tocados pela mãe, Lígia, e pelo pai, que também tocava acordeom.
Na adolescência, formou o duo Dois no Balanço e, posteriormente, o Conjunto Fantasia de Garoto, que explorava jazz, serenatas e samba-canção. Estudou piano, guitarra, violoncelo, orquestração e análise musical com nomes de referência, como Guerra Peixe, Turibio Santos e Esther Scliar.
A carreira profissional ganhou força em 1965, quando passou a integrar o Grupo Opinião como guitarrista. Foi diretor musical das primeiras apresentações de Maria Bethânia e teve composições gravadas por artistas como Nara Leão e Elisete Cardoso.
Com Gal Costa, Paulinho da Viola e José Carlos Capinam, fundou a Agência Tropicarte, voltada para a gestão de shows e projetos artísticos.
Macalé atuou ainda no cinema, compondo trilhas e participando de produções como Amuleto de Ogum, Tenda dos Milagres, Macunaíma, A Rainha Diaba e Se Segura, Malandro!.
Entre suas composições mais conhecidas estão Vapor Barato, Movimento dos Barcos, Rua Real Grandeza e Poema da Rosa, interpretadas por artistas como Gal Costa, Maria Bethânia, Clara Nunes, Camisa de Vênus e O Rappa.
Em 2019, o álbum Besta Fera foi indicado ao Grammy Latino e incluído entre os melhores do semestre pela APCA. Em 2023, o disco Coração Bifurcado entrou para a lista dos 50 melhores do ano, e em 2024, sua colaboração com Sérgio Krakowski também foi destacada pela associação.

















