O presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu, nesta quinta-feira (7), a equipe e o elenco do filme O Agente Secreto para uma sessão especial no Palácio da Alvorada. Esta foi a primeira exibição do longa no Brasil, após sua estreia mundial no 78º Festival de Cannes, na França, onde foi ovacionado por cerca de 15 minutos.
Antes da exibição, Lula afirmou que a cultura desperta consciência política e promove transformação social. “A cultura é temida porque desperta a consciência política, fornece informação e não nos permite ser submissos. A cultura nos torna revolucionários, não com armas, mas com comportamento e ideias”, declarou o presidente, ao lado de ministros e convidados.
O filme teve direção de Kleber Mendonça Filho e atuação principal de Wagner Moura, ambos premiados em Cannes por melhor direção e melhor ator. Apesar da indicação à Palma de Ouro, o prêmio principal foi para o filme Um simples Acidente, do iraniano Jafar Panahi.
Mendonça destacou o apoio do atual governo à cultura, contrastando com o cenário de anos anteriores. “Passamos por um momento muito ruim, onde a cultura era atacada. Hoje ela é celebrada e representa nossa identidade”, afirmou. O cineasta ressaltou ainda que O Agente Secreto reflete a realidade política e social do Brasil, e espera que o povo brasileiro tenha acesso à obra.
Lula mencionou outros marcos recentes do cinema nacional, como os filmes Ainda Estou Aqui, premiado no Oscar, e O Último Azul, no Festival de Berlim. Para o presidente, o país precisa apenas de oportunidades: “Se todos tiverem acesso à alimentação, todos aprenderão”, disse, lembrando que o Brasil voltou a sair do Mapa da Fome da ONU em 2025.
Com emoção, Lula também fez referência à crise humanitária na Faixa de Gaza, onde crianças têm morrido por fome e desnutrição. “Chegamos à triste realidade de oferecer comida e água às crianças antes que venham a falecer”, lamentou.
O Agente Secreto se passa em 1977 e acompanha a história de Marcelo, um professor de tecnologia que se muda de São Paulo para Recife durante o carnaval. Ao chegar, percebe estar sendo espionado pelos vizinhos. A produção é uma coprodução entre Brasil, Alemanha, França e Holanda, com recursos do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA), da Ancine, e apoio do Ministério da Cultura.
A ministra da Cultura, Margareth Menezes, destacou que o Brasil foi homenageado no Festival de Cannes este ano, o que abre portas para o mercado audiovisual. Segundo ela, o governo trabalha para ampliar as salas de cinema no país, prometendo mais 100 até o fim do mandato. “Estamos nacionalizando o acesso à cultura, como prevê a Constituição”, afirmou.
Wagner Moura celebrou o apoio do governo à cultura e se emocionou ao lembrar da presença oficial brasileira em Cannes. “É emocionante ver o Estado apoiando artistas brasileiros. O presidente nos ligou para parabenizar. Isso mostra que o Brasil valoriza sua cultura”, disse o ator, destacando a recriação do Ministério da Cultura, extinto em 2019 e restabelecido em 2023.