Brasil: Nunca Mais, obra fundamental para a memória dos crimes da ditadura militar, completa 40 anos com o lançamento de sua 43ª edição, em evento no Memorial da Resistência. A publicação foi preparada com um novo projeto gráfico, mantendo o objetivo original de preservar registros de violações de direitos humanos.
Organizado por Dom Paulo Evaristo Arns, Hélio Bicudo e Jaime Wright, o livro nasceu de seis anos de pesquisa clandestina entre 1979 e 1985. O grupo analisou mais de 700 processos do Supremo Tribunal Militar, reunindo testemunhos que detalham torturas e outras violações praticadas pelo regime.
Para proteger o trabalho, parte dos documentos foi enviada ao exterior. A primeira edição se tornou um sucesso editorial, permanecendo por 92 semanas entre os livros mais vendidos do país. O projeto, originalmente chamado Testemunhos, foi parte de um esforço internacional de responsabilização por crimes de regimes de exceção na América Latina.
O jornalista e ex-ministro dos Direitos Humanos Paulo Vannuchi lembra que, 40 anos depois, o tema segue atual e defende a inclusão sistemática dos direitos humanos na educação básica e em escolas militares, para evitar novas ameaças à democracia.
O lançamento da nova edição também marca a estreia de um podcast sobre a memória do projeto, liderado pelo jornalista Camilo Vannuchi. No Memorial da Resistência, a exposição Uma Vertigem Visionária – Brasil: Nunca Mais, com curadoria de Diego Matos, aprofunda o tema ao explorar testemunhos orais e fotografias documentais. Para Matos, a mostra oferece uma leitura sensível e crítica do período, convidando o público a refletir sobre a importância de lembrar e estudar o passado autoritário do país.
A edição comemorativa, com capa dura e novo design, será vendida pelo mesmo preço da anterior, R$ 135,00, em livrarias físicas, virtuais e em formato digital. Os documentos originais seguem disponíveis ao público no acervo digital mantido pelo Ministério Público Federal.