O machismo no futebol foi o tema central da entrevista com a jornalista esportiva Milly Lacombe no programa DR com Demori, exibido nesta terça-feira (29) pela TV Brasil. Reconhecida pelo pioneirismo no jornalismo esportivo, Lacombe analisou sua trajetória profissional e os obstáculos enfrentados por mulheres em um ambiente historicamente masculino.
Durante a conversa, Milly relembrou um episódio polêmico ocorrido em 2006, quando acusou o goleiro Rogério Ceni de falsificação durante uma transmissão do SporTV. O erro, segundo ela, provocou uma reação desproporcional: “Uma mulher, quando erra, não erra sozinha. Foi como se quisessem provar que não podemos gostar de futebol.” Apesar de ter assumido a falha, a comentarista foi alvo de ameaças e se afastou temporariamente da cobertura esportiva.
Milly classifica o episódio como reflexo do machismo estrutural do setor e afirma que a superação só é possível com autorresponsabilidade. “Se eu não me apropriar do meu erro, não vou para lugar nenhum”, declarou.
Para ela, o futebol ainda é um dos ambientes mais resistentes à equidade de gênero. “Será o último espaço onde o machismo vai acabar. É um reduto da misoginia, altamente concentrado e poderoso.” Lacombe também destacou como as socializações de gênero moldam o comportamento dentro do esporte. “Os homens se constroem em oposição ao que é ser mulher”, disse.
A jornalista criticou ainda a atual lógica do futebol, que considera excessivamente dominada pelo viés econômico. “Virou uma planilha. Tudo precisa ter custo e benefício. Essa análise objetiva é tudo, menos futebol.”
O programa DR com Demori é exibido na TV Brasil e também pode ser acompanhado em podcast pelas principais plataformas de áudio.
DR com Demori – Milly Lacombe
Terça-feira, 29 de julho, às 23h, na TV Brasil e Rádio MEC.
Reprise: quarta-feira, 30 de julho, às 4h30, na TV Brasil.