O nome de Joaquim José Insley Pacheco volta ao centro das atenções com o lançamento do livro O Espelho de Papel – A fotografia de Joaquim Insley Pacheco na coleção do IHGB (Capivara, 2025). A obra, escrita pelo historiador Daniel Rebouças, reúne mais de 400 imagens e revisita o legado do fotógrafo português que transformou o retrato em arte e símbolo de status no Brasil imperial.
Instalado na Rua do Ouvidor, no Rio de Janeiro, em meados de 1855, Insley Pacheco inaugurou um estúdio que se tornaria referência no país. Ali, políticos, artistas e membros da elite posavam sob a luz difusa que eternizava expressões e gestos. Em 1857, o fotógrafo foi nomeado retratista oficial da Casa Imperial, conquistando o reconhecimento de D. Pedro II, um entusiasta da fotografia e da ciência.
Rebouças destaca que Insley introduziu no Brasil inovações técnicas como a carte de visite — pequenos retratos colados em cartões — e experimentos sobre porcelana, vidro e marfim. O estudioso afirma que o fotógrafo foi um verdadeiro inventor da pose, do gesto e do instante. Sua pesquisa mergulha em arquivos e jornais para reconstruir a trajetória de um artista que moldou o olhar do país sobre si mesmo.
Antes de se firmar no Rio, Pacheco viveu em cidades como Fortaleza, São Luís e Recife, locais que ajudaram a formar sua visão estética. Aprendeu em Nova York com o fotógrafo Mathew Brady, célebre por registrar a Guerra Civil Americana, o valor do retrato como símbolo de poder e identidade. De volta ao Brasil, adotou “Insley” como nome artístico, aproximando-se dos mestres estrangeiros e consolidando um estilo cosmopolita.
Além de fotógrafo, Insley também foi pintor e aquarelista. Participou de salões artísticos e manteve amizade com nomes como Arsênio da Silva e Antônio Parreiras. Seu talento atravessou fronteiras entre arte e técnica, unindo documento e criação.
Apesar das perdas pessoais — ficou viúvo em 1877 e perdeu o filho em 1895 —, manteve-se ativo até o fim da vida. Em 1893, representou o Brasil na Exposição Universal de Chicago e, em 1900, participou das comemorações dos 400 anos do descobrimento. Morreu em 1912, deixando uma obra que permanece como testemunho visual de uma era.
Para o historiador Daniel Rebouças, estudar Insley Pacheco é compreender a origem da cultura visual brasileira. Seu trabalho revelou um país que aprendeu a se reconhecer por meio da imagem. O Espelho de Papel resgata esse olhar e reafirma a importância da fotografia como espelho da memória e da identidade nacional.