Tambores e cantos marcaram a abertura da 14ª edição do Festival Artes Vertentes. O cortejo, conduzido pelo Congado Nossa Senhora do Rosário e Escrava Anastácia, percorreu as ruas de Tiradentes (MG), convidando o público a conhecer a programação que ocupará os centros culturais da cidade nos próximos dias, incluindo 54 atividades entre exposições, cinema, teatro, música e literatura.
O tema deste ano, Entre as margens do Atlântico, estabelece um diálogo entre América, África e Europa. A programação integra ainda a Temporada da França no Brasil, que busca aproximar os dois países por meio da cultura e acontece até o fim do ano em 15 cidades.
Mestre Prego, responsável pela abertura do festival, destacou a importância da congada como símbolo da força do povo negro e como forma de lembrar as 22 mil pessoas escravizadas na região. Ele ressaltou que a tradição mantém viva a memória daqueles cuja história foi apagada, transformando cantos em registros de dor e alegria.
Vertentes
O curador Luiz Gustavo Carvalho explicou que o festival é voltado para a arte contemporânea e busca integrar cinema, artes visuais, artes cênicas e outros segmentos. Tiradentes foi escolhida tanto por sua relevância histórica quanto pela localização estratégica, permitindo a interação entre artistas locais e visitantes de diversas regiões.
Fundada por volta de 1702, a cidade passou por diversas transformações, sendo elevada à vila em 1718 e à cidade em 1860, recebendo o nome de Tiradentes em homenagem a Joaquim José da Silva Xavier, líder da Inconfidência Mineira.
Atrações
A abertura também contou com apresentações da Ação Cultural Artes Vertentes, que oferece cursos de música, artes visuais, cerâmica e fotografia a crianças e adultos desde 2013. O festival inclui ainda atrações internacionais, como Wendie Zahibo, poeta e fotógrafa, e Jean D’Amérique, poeta e diretor artístico do festival Transe Poétique.
Segundo Anne Louyot, comissária-geral da Temporada França-Brasil, o evento promove encontros culturais que destacam a influência africana na música, espiritualidade e artes, lembrando também os impactos históricos da escravidão.
A programação se estende para cidades vizinhas como São João del Rei e Bichinho, com mostras de cinema que abordam memória, ancestralidade e resistência. O festival segue até 21 de setembro, com grande parte das atividades gratuitas.


















