Exposição Alumbramento celebra diversidade artística no Festival Latinidades

Evento reúne 25 artistas negros e indígenas em uma mostra sensorial que convida o público a vivenciar a arte como memória e ritual.

Fonte: CenárioMT

Brasília (DF), 23/07/2025 - Exposição mirasawá alumbramento no 18º Festival Latinidades celebra protagonismo das mulheres negras até 31 de julho Foto: José Cruz/Agência Brasil
Foto: José Cruz/Agência Brasil

Com abertura nesta quarta-feira (23), a exposição Alumbramento marca o início do 18º Festival Latinidades, em Brasília, ocupando o Museu Nacional da República até 24 de agosto. A mostra reúne obras de 25 artistas negros e indígenas de diferentes gerações e regiões do país.

Segundo a curadora Nathalia Grilo, a exposição propõe uma travessia sensível pelo escuro fértil da criação artística, levando o visitante a um espaço azul dividido em quatro ciclos solares, conforme a cosmologia Bantu Dikenga: Musôni, Kala, Tukula e Luvemba. As obras são dispostas sem divisórias físicas, formando uma narrativa sensorial da existência.

Jaqueline Fernandes, diretora do Instituto Afrolatinas e idealizadora do festival, destaca que a proposta é viver a arte como ritual, memória e fé. A curadoria buscou diversidade geracional e territorial, com artistas muitas vezes fora dos grandes circuitos institucionais.

Entre os destaques está Luma Nascimento, que apresenta a obra “Corpo de lembrar que chão também é memória”, com pipocas, miçangas e terra do Quilombo Mesquita. A artista explora a conexão espiritual com os solos quilombolas e suas histórias de liberdade.

Vitória Vatroi traz fotografias do curta-metragem “Deságue”, realizadas em Tracunhaém (PE), refletindo sobre memória ancestral e a presença negra no Brasil. Já Rafaela Kennedy, de Manaus, usa a fotografia para narrar sua própria vivência como travesti amazônica, em meio a um cenário social violento.

Nelson Crisóstomo, do Rio de Janeiro, explora tingimentos naturais em tecidos, resgatando saberes ancestrais em diálogo com técnicas contemporâneas. O goiano Gilson Plano trabalha com chumbo e pérolas negras em uma instalação sonora que questiona valores e significados dos materiais.

Participam da exposição os artistas Ana Neves, André Nódoa, Antônio Bandeira, Antônio Obá, Arorá, Dani Guirra, Gilson Plano, Guayasamín, João do Nascimento, Josafá Neves, Josi, Lane Marinho, Lúcia Laguna, Luma Nascimento, Maxwell Alexandre, Nelson Crisóstomo, Nivalda Assunção, Paty Wolf, Pedro Neves, Rafaela Kennedy, Romulo Alexis, Sérgio Vidal, Suyan de Mattos e Vitória Vatroi.

Com o tema “Mulheres Negras Movem o Mundo”, o Festival Latinidades de 2025 homenageia Lélia Gonzalez e integra as ações do Dia da Mulher Afro-Latino-Americana e Caribenha, celebrado em 25 de julho. Jaqueline Fernandes ressalta a importância do festival no enfrentamento das desigualdades sociais e na valorização da cultura negra. “É necessário investir em políticas públicas, educação antirracista, representatividade e mudança de mentalidades”, afirma.