A escritora mineira Flávia Péret, também professora de criação literária e pesquisadora, lançou o livro Coisas presentes demais, publicado pela Relicário Edições. A obra retrata a reaproximação com sua avó de 94 anos, diagnosticada com Alzheimer.
Segundo a autora, trata-se de um romance em fragmentos que mescla realidade e ficção. A avó vive em uma casa de repouso em Belo Horizonte desde os 89 anos, quando recebeu o diagnóstico. Apesar do quadro avançado, ainda se alimenta e se comunica.
Durante a pandemia, a doença evoluiu de forma significativa. Antes de se mudar, a idosa morava sozinha em Mariana (MG). Flávia lembra que, em um episódio marcante, a avó ordenou a destruição de sua horta, gesto que simbolizou o início de uma nova fase e inspirou os primeiros escritos do livro.
A narrativa acompanha uma neta que visita semanalmente a avó na casa de repouso, explorando reflexões sobre memória, esquecimento e os desafios do Alzheimer. “O livro é sobre esse enigma que é a memória”, disse a autora, destacando que a escrita se tornou um presente em meio à dor.
Em suas pesquisas, Flávia ressalta que a doença deve ser tratada como questão de saúde pública e ainda enfrenta tabus sociais. “Muitas famílias têm vergonha de falar sobre o tema, mas é essencial abrir esse diálogo”, afirma.
No Rio de Janeiro, estão previstos dois lançamentos: no dia 23, na Faculdade de Letras da UFRJ, com palestra-performance, e no dia 25, na Janela Livraria, em evento que inclui roda de conversa e sessão de autógrafos.


















