O MIMO Festival voltou a Olinda entre os dias 12 e 14 de setembro, destacando a riqueza da cultura popular pernambucana através do frevo, maracatu e poesia de cordel. O evento marcou sua primeira edição na cidade após sete anos de temporadas em outros locais do Brasil e do exterior.
O encerramento coincidiu com o Dia Nacional do Frevo, comemorado em 14 de setembro, em homenagem ao jornalista Oswaldo da Silva Almeida, que nomeou o ritmo em referência à sua “fervura”. Em 2012, o frevo foi reconhecido como patrimônio imaterial da humanidade pela Unesco.
O Grêmio Musical Henrique Dias, primeira escola profissionalizante de músicos de Olinda sem fins lucrativos, fundada há 71 anos, apresentou sua orquestra na Praça do Carmo, sob a direção do maestro Lúcio Henrique Vieira da Silva, ex-aluno da instituição.
Maestro Lúcio destacou que o frevo olindense possui identidade própria e defendeu a necessidade de incentivo cultural para renovação do repertório:
“Que tenham mais composições novas, que tenham mais lançamentos e artistas novos. É preciso um incentivo cultural do governo, vamos supor, com um concurso para compositores. Isso vai enriquecer a cultura, trazer novos pensamentos, novas ideias.”
Mais de 2 mil alunos já passaram pelo grêmio, recebendo também educação básica regular, e muitos demonstram grande interesse em aprender o frevo, segundo o maestro.
Além do frevo, o festival destacou outros elementos da cultura pernambucana. O bandolinista Hamilton de Holanda e o cantor e compositor Edu Lobo homenagearam suas origens pernambucanas em suas apresentações, enquanto Lirinha, do Cordel do Fogo Encantado, ressaltou a importância da poesia e da teatralidade do cordel nordestino.
As ruas de Olinda também foram palco da tradição popular, com desfiles de cinco nações de maracatu: Maracatu Nação Camaleão, Maracatu Estrela de Olinda, Maracatu Nação Pernambuco, Maracatu Nação Luanda e Maracatu Sol Brilhante. O Maracatu Nação é reconhecido como patrimônio cultural imaterial do Brasil e tem candidatura junto à Unesco para ser Patrimônio da Humanidade.
Para Katia Luz, produtora cultural do Maracatu Nação Camaleão, a participação no MIMO fortalece a visibilidade e relevância do maracatu:
“As pessoas precisam, o poder público precisa entender que, onde tiver cultura, projetos e festivais, a cultura popular tem que estar presente, não pode ser deixada de lado.”
Lu Araújo, idealizadora do MIMO Festival, destacou que a presença da cultura pernambucana no festival é essencial e valorizada pelo público local, que reconhece e se orgulha de suas tradições.