A segunda edição da Bienal das Amazônias começou nesta quarta-feira (27) em Belém, reunindo obras de 74 artistas e coletivos de oito países da Pan-Amazônia e do Caribe. O evento segue até 30 de novembro, com entrada gratuita, e ocupa oito mil metros quadrados no Centro Cultural Bienal das Amazônias, localizado no coração do centro histórico da capital paraense.
Com o tema Verde-Distância, inspirado no romance Verde Vagomundo de Benedicto Monteiro, a mostra propõe refletir sobre a diversidade de vozes amazônicas e como a distância pode fortalecer conexões coletivas. Segundo a curadora-chefe Manuela Moscoso, a bienal se apresenta como um “gesto coletivo, um movimento que se abre como um rio cheio encontrando margens diferentes”.
A equipe curatorial inclui ainda Sara Garzón, Jean da Silva e Mónica Amieva, responsáveis pela escuta de artistas locais e pela seleção das obras apresentadas.
Espaço transformado em centro cultural
A presidente do Instituto Bienal das Amazônias, Lívia Condurú, destacou que a realização da segunda edição só foi possível pela união de esforços. O espaço cultural foi instalado em uma antiga loja de departamento, transformada para abrigar exposições, debates sobre os desafios do Sul Global e iniciativas que levam arte a comunidades sem equipamentos culturais.
Entre os artistas convidados está o martinicano Jean-François Boclé, que apresenta a instalação Caribbean Hurricane, uma obra que homenageia o ativista político jamaicano Marcus Garvey e reflete sobre resistência em territórios colonizados.
Homenagem especial
Este ano, a Bienal presta homenagem a Roberto Evangelista (1947–2019), pioneiro da arte conceitual na Amazônia. Nascido no Acre e radicado em Manaus, Evangelista se destacou por unir espiritualidade, meio ambiente e resistência cultural em sua produção. Para sua filha, Sâmara Farias Evangelista, o reconhecimento reforça a atualidade de sua obra, marcada pelo uso de materiais da floresta e pelo diálogo entre arte e espiritualidade.
Ao lado da filha, a esposa do artista, Ana Maria Evangelista, também emocionada, afirmou que vê na homenagem a continuidade da expressão e da trajetória de Roberto.
Programação
A Bienal integra o circuito nacional de bienais brasileiras e participa da Temporada Brasil-França 2025. Além da presença de artistas caribenhos e da Guiana Francesa, o evento promove uma programação especial nos primeiros dias de abertura. Os horários variam de acordo com a semana, com funcionamento regular a partir da próxima quarta-feira, de quarta a domingo, em diferentes turnos.
A mostra segue aberta até 30 de novembro na rua Senador Manoel Barata, nº 400, em Belém, com entrada gratuita e acesso para todos os públicos.