Ana Maria Gonçalves assumiu a cadeira número 33 da Academia Brasileira de Letras (ABL) em cerimônia realizada no Rio de Janeiro. A autora de Um defeito de cor tornou-se a 13ª mulher a integrar a instituição desde sua criação em 1897 e a primeira mulher negra eleita para o quadro de imortais.
Durante o discurso, a escritora ressaltou sua ancestralidade e prestou homenagem às trajetórias literárias e acadêmicas que a antecederam, mencionando o fundador da cadeira, Domício da Gama, e o linguista Evanildo Bechara, de quem herda o posto.
Em sua fala, destacou também o histórico de exclusão feminina na ABL e reconheceu o papel das autoras que abriram caminho após mudanças no estatuto. A escritora apontou a importância da ampliação de vozes dentro da instituição e a valorização da pluralidade da língua portuguesa.
A presença negra na Academia foi um dos pontos centrais. Ana Maria lembrou o apagamento histórico de identidades e citou candidaturas que reforçaram o debate sobre diversidade. A escritora afirmou assumir como missão promover abertura e aproximação da Casa com o público.
A cerimônia contou com presenças de membros da Academia, representantes da cultura e artistas, que afirmaram o simbolismo da posse como marco de reconhecimento e transformação. A noite teve ainda homenagem ao legado da literatura produzida por mulheres negras.
Após a solenidade, os convidados participaram de um jantar inspirado na narrativa de Um defeito de cor, reforçando a ligação entre memória, cultura e resistência.
