O Senai Park, novo centro de inovação e tecnologia inaugurado em Ipojuca, na Região Metropolitana do Recife, marca um passo importante na transição energética da indústria brasileira. O espaço foi projetado para ser um ambiente de pesquisa e desenvolvimento de soluções sustentáveis, reunindo empresas interessadas em reduzir emissões e adotar energia limpa.
Com investimento inicial de R$ 100 milhões e participação de mais de dez empresas, o parque nasce com dois grandes projetos voltados à descarbonização: produção de hidrogênio verde e desenvolvimento de baterias de lítio. As iniciativas ganham destaque em ano de COP30, que discutirá a agenda climática global em Belém.
Hidrogênio verde
O primeiro projeto do Senai Park é a pesquisa e produção de hidrogênio verde, gás obtido por eletrólise da água usando energia limpa. O processo, realizado com um eletrolisador instalado no parque, evita a emissão de dióxido de carbono e pode abastecer veículos ou gerar energia elétrica. A capacidade atual de produção é de 30 quilos por dia — volume suficiente para suprir quatro automóveis no trajeto entre o Porto de Suape e o Recife.
Empresas como Neuman & Esser, Siemens, White Martins, Hytron, Compesa e CTG Brasil participam do projeto. Segundo o diretor de Inovação e Tecnologia do Senai-PE, Oziel Alves, o objetivo é explorar tanto o uso do hidrogênio como combustível quanto o seu armazenamento em células energéticas.
Armazenamento e energia limpa
Outro foco do centro é a criação de sistemas de armazenamento de energia, voltados para evitar o desperdício de fontes renováveis, como solar e eólica, quando há excesso de produção no sistema nacional. A ideia é guardar essa energia e utilizá-la posteriormente na geração de hidrogênio, reduzindo perdas e otimizando recursos.
Baterias de lítio
O segundo grande projeto é o desenvolvimento de baterias de lítio de baixa tensão, conduzido pelo Grupo Moura. Com investimento de R$ 20 milhões, a produção será automatizada e tem previsão de iniciar no primeiro trimestre de 2026, com capacidade mensal de mil unidades. A iniciativa busca nacionalizar a fabricação de componentes hoje dominada pela China, fortalecendo a cadeia automotiva brasileira.
De acordo com a diretora regional do Senai, Camila Barreto, a meta é “tropicalizar” a tecnologia, permitindo que o país produza internamente baterias para veículos elétricos. O projeto integra o Programa Mobilidade Verde e Inovação (Mover), do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, e conta com o interesse de montadoras como Stellantis, Volkswagen, Renault e Iochpe Maxion.
O papel da indústria
Para o presidente da Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco (Fiepe), Bruno Veloso, a iniciativa reforça o papel da indústria na busca por soluções sustentáveis. “A descarbonização da indústria depende da pesquisa e da inovação em novas fontes energéticas”, destacou. O Senai Park, segundo ele, simboliza essa integração entre tecnologia, sustentabilidade e competitividade econômica.