Medicamentos e produtos farmacêuticos estão entre os principais itens que o Brasil importa dos Estados Unidos neste ano. Embora inicialmente esses produtos não tenham sido incluídos no pacote de tarifas anunciado pelo ex-presidente Donald Trump, uma retaliação brasileira pode encarecer significativamente itens como remédios para câncer e doenças raras.
Em 2024, o Brasil desembolsou quase US$ 10 bilhões em importações da área médica, incluindo produtos utilizados em cirurgias, reagentes para diagnóstico, instrumentos e equipamentos médicos — grande parte vinda dos EUA.
A hipótese de uma resposta tarifária por parte do Brasil preocupa o setor de saúde. De acordo com Paulo Fraccaro, CEO da Associação Brasileira da Indústria de Dispositivos Médicos, alternativas à origem americana incluem China, Índia e Turquia.
“Se nós adotarmos a reciprocidade, esses produtos chegarão mais caros nas prateleiras, na ordem de 30%, e o Brasil vai ter que procurar alternativas”, alertou Fraccaro.
O Brasil também importa medicamentos patenteados, especialmente os voltados ao tratamento de doenças raras ou com alta tecnologia agregada. Em um cenário de guerra comercial, esses remédios podem sofrer aumentos expressivos.
Somente no primeiro semestre de 2025, foram importados US$ 4,3 bilhões em medicamentos de alto custo e produtos farmacêuticos — um crescimento de 10% em comparação ao mesmo período de 2024. A União Europeia lidera como fornecedora, com 60% do total, enquanto Alemanha e Estados Unidos representam cerca de 15% cada.
Embora a maioria dos medicamentos comuns, como os genéricos, seja produzida localmente, o Brasil ainda depende fortemente do mercado externo: cerca de 95% dos insumos farmacêuticos ativos vêm da China.
Norberto Prestes, presidente-executivo da Associação Brasileira da Indústria de Insumos Farmacêuticos (Abiquifi), defende o fortalecimento da produção nacional.
“Temos a capacidade, temos pesquisadores brilhantes, que acabam indo para o exterior. Nós deveríamos reter esses talentos aqui e desenvolver nosso sistema para aumentar a nossa soberania nesse quesito”, afirmou.
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