Reação do Brasil ao tarifaço pode elevar custo de medicamentos

A possível resposta do Brasil às tarifas impostas pelos EUA pode impactar diretamente os preços de medicamentos importados.

Fonte: CenárioMT

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Reação do Brasil ao tarifaço pode elevar custo de medicamentos - Foto: Fábio Pozzebom/Agência Brasil

Medicamentos e produtos farmacêuticos estão entre os principais itens que o Brasil importa dos Estados Unidos neste ano. Embora inicialmente esses produtos não tenham sido incluídos no pacote de tarifas anunciado pelo ex-presidente Donald Trump, uma retaliação brasileira pode encarecer significativamente itens como remédios para câncer e doenças raras.

Em 2024, o Brasil desembolsou quase US$ 10 bilhões em importações da área médica, incluindo produtos utilizados em cirurgias, reagentes para diagnóstico, instrumentos e equipamentos médicos — grande parte vinda dos EUA.

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A hipótese de uma resposta tarifária por parte do Brasil preocupa o setor de saúde. De acordo com Paulo Fraccaro, CEO da Associação Brasileira da Indústria de Dispositivos Médicos, alternativas à origem americana incluem China, Índia e Turquia.

“Se nós adotarmos a reciprocidade, esses produtos chegarão mais caros nas prateleiras, na ordem de 30%, e o Brasil vai ter que procurar alternativas”, alertou Fraccaro.

O Brasil também importa medicamentos patenteados, especialmente os voltados ao tratamento de doenças raras ou com alta tecnologia agregada. Em um cenário de guerra comercial, esses remédios podem sofrer aumentos expressivos.

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Somente no primeiro semestre de 2025, foram importados US$ 4,3 bilhões em medicamentos de alto custo e produtos farmacêuticos — um crescimento de 10% em comparação ao mesmo período de 2024. A União Europeia lidera como fornecedora, com 60% do total, enquanto Alemanha e Estados Unidos representam cerca de 15% cada.

Embora a maioria dos medicamentos comuns, como os genéricos, seja produzida localmente, o Brasil ainda depende fortemente do mercado externo: cerca de 95% dos insumos farmacêuticos ativos vêm da China.

Norberto Prestes, presidente-executivo da Associação Brasileira da Indústria de Insumos Farmacêuticos (Abiquifi), defende o fortalecimento da produção nacional.

“Temos a capacidade, temos pesquisadores brilhantes, que acabam indo para o exterior. Nós deveríamos reter esses talentos aqui e desenvolver nosso sistema para aumentar a nossa soberania nesse quesito”, afirmou.

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Gustavo Praiado é jornalista com foco em notícias de agricultura. Com uma sólida formação acadêmica e vasta experiência no setor, Gustavo se destaca na cobertura de temas relacionados ao agronegócio, desde insumos até tendências e desafios do setor. Atualmente, ele contribui com análises e reportagens detalhadas sobre o mercado agrícola, oferecendo informações relevantes para produtores, investidores e demais profissionais da área.