A informalidade continua sendo uma realidade marcante em Mato Grosso, afetando milhares de trabalhadores que optam por atuar fora das exigências legais. Um estudo realizado pelo Sebrae/MT trouxe um retrato detalhado desse cenário, revelando tanto o perfil dos empreendedores informais quanto os obstáculos que dificultam a transição para a formalização.
O levantamento mostra que a maioria dos empreendedores informais em Mato Grosso são homens (60%) e que grande parte possui ensino médio completo (60%), enquanto 21% chegaram ao nível superior. O recorte racial evidencia que 40% se autodeclaram pardos, 27% brancos e 23% pretos, apontando também para questões sociais relacionadas à vulnerabilidade econômica.
A pesquisa destaca ainda que quase metade desses negócios (48%) têm entre três meses e três anos e meio de existência. Porém, um número expressivo (15%) atua na informalidade há mais de 10 anos. A ausência de estrutura física é outra marca: 93% não possuem ponto fixo de atendimento. Entre os setores mais comuns estão transporte e logística, alimentos e bebidas, além de higiene e cosméticos.
Um dos pontos centrais levantados é que, para 68% dos entrevistados, a atividade informal não representa a principal fonte de renda, mas sim um complemento. Esse fator contribui para a permanência fora da formalização, já que muitos acreditam que regularizar o negócio é burocrático, caro ou pouco vantajoso.
Segundo os dados, os principais motivos apontados para evitar a formalização são: percepção de que não há necessidade (35%), excesso de burocracia (24%) e medo das obrigações fiscais (21%). O desconhecimento sobre benefícios do MEI, como aposentadoria, auxílio-doença e licença-maternidade, também mantém grande parte dos trabalhadores longe dos direitos previdenciários.
Apesar das dificuldades, há otimismo entre os empreendedores: 39% acreditam em crescimento expressivo e 18% planejam expandir para novos mercados. Entre os maiores desafios citados estão a falta de capital (26%), a burocracia (27%), a concorrência acirrada (23%) e o difícil acesso ao crédito (25%).
Para enfrentar esse cenário, o Sebrae em Mato Grosso vem ampliando o alcance de informações e a disponibilidade de canais de atendimento, como as Salas do Empreendedor e o suporte digital 24 horas. A iniciativa busca mostrar que a formalização não é apenas uma exigência legal, mas também uma estratégia de proteção e crescimento para os negócios.
A pesquisa foi realizada com 464 empreendedores informais em Mato Grosso, por meio de entrevistas telefônicas. O estudo tem margem de erro de 4% e nível de confiança de 95%.
