Durante uma viagem de férias ao Paraguai e à Argentina, a dentista Tuanny Monteiro Noronha teve uma surpresa familiar: o Pix, sistema de pagamento instantâneo criado pelo Banco Central, já está presente em grande parte do comércio local, mesmo fora do Brasil. Em Ciudad del Este, por exemplo, ela relata que mais de 90% das lojas aceitavam o método.
Esse avanço se deve ao trabalho de fintechs brasileiras que viabilizam pagamentos via Pix no exterior, conectando-se a empresas adquirentes que operam maquininhas de pagamento. Assim, o consumidor escaneia um QR Code gerado na moeda local e o valor é convertido instantaneamente para reais, já com IOF incluído. “O câmbio é garantido no momento da compra, ao contrário do cartão de crédito”, explica Alex Hoffmann, CEO da PagBrasil.
Embora o Pix ainda não permita transferências internacionais diretas, serviços intermediários vêm suprindo essa demanda. A operação ocorre entre contas em instituições brasileiras ou com o apoio de agentes eFX, que recebem o valor via Pix e o repassam para o estabelecimento estrangeiro.
Segundo o Banco Central, a instituição estuda integrar o Pix ao sistema internacional Nexus, ainda em desenvolvimento, para permitir transferências rápidas entre países, embora não haja previsão para um Pix internacional oficial.
Com mais de 160 milhões de usuários no Brasil, o Pix representa quase metade das transações de pagamento realizadas no país. Essa popularidade levou à expansão internacional da ferramenta, que hoje já é aceita em países como Chile, Portugal, França, Espanha, Panamá e Estados Unidos.
Na França, a jornalista Verônica Soares utilizou um aplicativo multimoeda para converter reais em euros, tudo via Pix. “Foi prático e eliminou a necessidade de trocar dinheiro em casas de câmbio”, afirmou.
No Uruguai, a aceitação também é ampla, especialmente em locais frequentados por brasileiros. O mesmo vale para aeroportos no Panamá e grandes lojas nos EUA, que recebem milhões de turistas brasileiros anualmente.
Apesar de investigações recentes do governo norte-americano sobre o modelo do Pix, o avanço da ferramenta parece irreversível. “O Pix é o sistema de pagamentos mais versátil do mundo. É rápido, seguro e cada vez mais abrangente”, conclui Hoffmann.