O início da semana marca a retomada da divulgação de dados econômicos nos Estados Unidos após o fim do shutdown, recolocando o payroll — relatório oficial de emprego — no centro das atenções. A movimentação internacional ocorre em paralelo aos destaques locais, com o IBC-Br, considerado prévia do PIB, e o relatório Focus guiando as expectativas dos investidores sobre o desempenho da economia brasileira. Nesse ambiente, o Ibovespa tende a refletir o compasso de espera global e a influência das commodities nesta segunda-feira (17).
A agenda que se inicia também será marcada pela ata do Federal Reserve (Fed) e pelo balanço da Nvidia (NVDC34), empresa que se tornou símbolo da atual onda de investimentos em Inteligência Artificial. No mercado local, há expectativa adicional pela participação do presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, em evento do Fórum Internacional de Equidade Racial Empresarial. Já o vice-presidente Geraldo Alckmin participa, em Belém (PA), do lançamento da consulta pública da Estratégia Nacional de Descarbonização Industrial (ENDI), durante a COP30.
Semana de agenda mais enxuta no Brasil
A semana será curta no mercado doméstico. Na quinta-feira (20), feriado de Consciência Negra, não haverá pregão na B3, embora os indicadores americanos continuem sendo divulgados normalmente — entre eles, o próprio payroll, que chega em um momento de especial atenção após semanas de incerteza institucional nos EUA.
Indicadores dos Estados Unidos voltam ao radar
Ainda hoje, investidores acompanham o índice de atividade industrial Empire State, além dos números de investimentos em construção referentes a agosto. A agenda inclui ainda declarações de nomes importantes do Fed, como John Williams, Philip Jefferson, Neel Kashkari e Christopher Waller, que podem ajudar a calibrar as expectativas sobre a trajetória dos juros.
Na terça-feira (18), o foco se desloca para a produção industrial, as encomendas à indústria, o índice de confiança das construtoras e o balanço corporativo da Home Depot. Na quarta-feira (19), destaque para os índices de preços do consumidor do Reino Unido e da zona do euro, além da ata do Fed e do aguardado balanço da Nvidia. Na quinta, os EUA divulgam ainda pedidos de auxílio-desemprego e vendas de moradias usadas, seguidos pelos dados de varejo do Reino Unido e pelos PMIs de EUA e Europa, na sexta-feira.
Mercado global mistura cautela e expectativa
Os futuros de Nova York sobem levemente, amparados pela expectativa de novos dados fortes de emprego e pela curiosidade sobre o balanço da Nvidia. A incerteza recente envolvendo empresas de tecnologia e Inteligência Artificial ainda desperta receio sobre possíveis exageros de preço, mas o mercado segue apoiado na tese de continuidade de investimentos no setor.
Na Europa, o clima é mais negativo: as bolsas caem após o vice-presidente do BCE, Luis de Guindos, alertar que as ameaças à estabilidade financeira permanecem elevadas, ecoando preocupações com atividade fraca e inflação teimosa na região.
Focus aponta IPCA abaixo do teto da meta
O novo boletim Focus trouxe revisão para baixo das expectativas de inflação. O IPCA projetado para 2025 caiu de 4,55% para 4,46%, ficando abaixo do teto da meta pela primeira vez em um ano. A projeção da Selic ao fim de 2025 permaneceu em 15%, completando 21 semanas sem alterações. Esse movimento reforça a leitura de que o Banco Central mantém postura firme em relação ao controle inflacionário.
IBC-Br registra queda mais intensa que o esperado
O IBC-Br de setembro mostrou retração de 0,24% em relação a agosto, frustrando a mediana de -0,10% das projeções. O resultado sugere possível perda de fôlego da atividade econômica, reacendendo discussões sobre espaço para cortes futuros da Selic — embora a cautela continue predominante entre economistas por conta do cenário fiscal ainda incerto.
Commodities: minério avança, petróleo oscila próximo da estabilidade
O petróleo opera praticamente estável após declarações do presidente dos EUA, Donald Trump, indicando abertura para conversas com Nicolás Maduro. O WTI recuava 0,03% e o Brent também cedia na mesma proporção. Já o minério de ferro em Dalian subiu 1,81%, cotado a US$ 111,05 por tonelada.
No pré-mercado americano, os ADRs da Vale caíam 0,57%, enquanto os da Petrobras recuavam 0,15%, contribuindo para um possível início de sessão pressionado no Brasil.
O que esperar do Ibovespa hoje
Além das influências externas, o mercado acompanha a decisão recente do governo Trump de retirar a tarifa básica de 10% sobre produtos agropecuários brasileiros, mantendo, porém, a sobretaxa adicional de 40% por motivos políticos. A medida ajuda parcialmente o agronegócio, mas mantém incertezas relevantes.
O ETF brasileiro EWZ recuava 0,06% no pré-mercado, sinalizando abertura mais cautelosa para o Ibovespa. No campo político, declarações do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, sobre projetos de segurança pública em tramitação também entram no radar dos investidores.
Com informações de Luciana Xavier e Silvana Rocha, do Broadcast.
















