O presidente em exercício e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, afirmou nesta segunda-feira, 27 de outubro, estar otimista em relação aos próximos passos nas tratativas entre Brasil e Estados Unidos em busca da reversão das tarifas impostas às exportações nacionais.
“Depois do encontro do presidente Lula com o presidente Trump, já houve uma primeira reunião do chanceler Mauro Vieira, do secretário Márcio Elias Rosa e de outros diplomatas com os americanos. Eles já deram o primeiro passo. Ainda não há data definida (para a próxima). Vamos aguardar a volta do presidente e definir os próximos passos. Mas estamos otimistas. Há um bom caminho pela frente para avançar”, avaliou Alckmin, em entrevista ao programa ICL Notícias.
Para Alckmin, que coordena o grupo responsável pelas negociações com Washington, ao lado dos ministros Mauro Vieira (Relações Exteriores) e Fernando Haddad (Fazenda), a reunião na Malásia foi positiva e o encontro entre os dois líderes permite que o diálogo seja aprofundado. Ele ressaltou que há muitos pontos que podem ser tratados, inclusive em torno de implementação de data centers, minerais raros e em torno do agro.
“Há muitas questões que podem ser colocadas: oportunidade de data centers no Brasil, por exemplo. Por isso, entendo que o Congresso deveria votar ainda este ano a Medida Provisória do Redata, porque traz segurança jurídica. Ninguém vai investir bilhões em data centers, na área de inteligência artificial, sem uma legislação consolidada. O Brasil tem energia abundante e renovável, terras raras, potencial no agro — há inúmeras oportunidades de parceria com os Estados Unidos”, listou Alckmin.
O país está crescendo, a inflação caindo, o dólar recuou, estamos com uma safra recorde. O preço do arroz, feijão, alho, cebola e tomate caiu, e o salário mínimo tem o melhor poder aquisitivo desde 1940.. Estamos avançando e estou feliz ajudando o presidente Lula, trabalhando como ministro da Indústria, Comércio e Serviços e contribuindo com esse país maravilhoso.”
Manufaturados
O presidente em exercício lembrou que os Estados Unidos não são o maior comprador do Brasil, mas ocupam espaço estratégico nas relações comerciais. “Os Estados Unidos não são o maior comprador do Brasil. Hoje é a China, depois a União Europeia e, em terceiro, os Estados Unidos. Mas o país é importante porque a China compra commodities: minério de ferro, soja, café, carne, enquanto os Estados Unidos compram produtos de valor agregado, como aviões, motores e máquinas, mais difíceis de substituir no mundo”, explicou.
DETALHAMENTO – Alckmin lembrou que, dos 40 bilhões de dólares que o Brasil exportou para os Estados Unidos no ano passado, 42% estão fora do tarifaço — como aviões, suco de laranja e celulose. “Outros 24% estão na Seção 232, que atinge o mundo todo (aço, alumínio, cobre). O que realmente atrapalha é o 34% restante, sujeito a 10+40%, que soma 50% de tarifa. Aí entram carne, café, pescado, frutas, motores, máquinas, sapatos e roupas. Não faz sentido essa alíquota — e estamos fazendo esforço para reduzi-la”, prosseguiu.
Brasil, EUA e China
Alckmin também foi questionado sobre como fica a relação do Brasil com a China em meio às discussões com os Estados Unidos. Para ele, é preciso manter uma relação de excelência com as duas nações. “Devemos ter ótimo relacionamento com a China, que cresce fortemente, e também com os Estados Unidos, o maior PIB do mundo e maior investidor no Brasil — com mais de 4 mil empresas aqui. Eu presido a COSBAN, o Conselho Sino-Brasileiro de Alto Nível, e há um diálogo permanente entre os países. Não devemos entrar em disputas; devemos defender o multilateralismo”.
COMÉRCIO EXTERIOR — Segundo Alckmin, a ampliação de mercados externos é uma das principais metas para o governo brasileiro nos últimos três anos. “O Brasil tem avançado muito na questão do comércio exterior. Há 13 anos, praticamente, o Mercosul não fazia um acordo. Em 2023, fez Mercosul-Singapura, este ano fez Mercosul-EFTA, que são os países de maior renda per capita do mundo – Suíça, Noruega, Liechtenstein e Islândia –, deve assinar até o fim do ano o acordo Mercosul-União Europeia, está caminhando o acordo Mercosul-Emirados Árabes. Enfim, são muitas oportunidades”, resumiu Alckmin, que lembrou que o bloco sul-americano passou a contar com a Bolívia.
Indústria diversificada
Alckmin exaltou a força da indústria brasileira, que tem se tornado mais múltipla. “Nossa indústria é diversificada e vai até a fabricação de aviões. A Embraer é a terceira maior empresa aeronáutica do mundo. O agronegócio é altamente competitivo e, do ponto de vista ambiental, temos a maior floresta tropical do mundo, a Amazônia, e a energia mais limpa do planeta — mais de 80% da nossa matriz elétrica é renovável. Temos também o combustível mais limpo: só o Brasil tem 30% de etanol na gasolina e 15% de biodiesel no diesel. E vamos ser protagonistas do SAF, o combustível sustentável de aviação. Só Brasil, Estados Unidos e Índia têm condições de produzi-lo para substituir o querosene convencional. A escolha é emprego, renda, diminuir a pobreza e fortalecer a indústria”, frisou.
Viagem à Índia
O presidente em exercício também analisou sua viagem recente à Índia como exemplo da abertura de novos mercados. “A Índia é importantíssima, tem mais de 1 bilhão de habitantes, o PIB cresce a mais de 7% ao ano e vai ser em breve o terceiro maior do mundo. Nós estivemos lá e foram abertas muitas oportunidades”, destacou.
“A Embraer inaugurou escritório em Nova Délhi, assinou acordo com a Mahindra para abrir a possibilidade de produzir o KC-390, também há possibilidade da venda dos aviões EJs, de aviação comercial e defesa. Eles abriram mercado para derivados de ossos na área agrícola. A Petrobras assinou contrato para a venda de 6 milhões de barris de petróleo. A Fiocruz fez acordo com a Biological E para vacinas e transferência de tecnologia. Abrimos o visto eletrônico para negócios. Foi bastante proveitosa a viagem”, disse Alckmin.
PRÓXIMOS PASSOS – Alckmin ainda fez uma análise sobre o que espera de 2026. “Vamos trabalhar para ajudar o presidente Lula e o Brasil. O país está crescendo, a inflação caindo, o dólar recuou de R$ 6,20 para R$ 5,37, os alimentos da cesta básica ficaram mais baratos, e estamos com uma safra recorde. O clima ajudou. O preço do arroz, feijão, alho, cebola e tomate caiu, e o salário mínimo tem hoje o melhor poder aquisitivo desde 1940. Vinte e três milhões de pessoas saíram do Mapa da Fome. Estamos avançando e estou feliz ajudando o presidente Lula, trabalhando como ministro da Indústria, Comércio e Serviços e contribuindo com esse país maravilhoso”.


















