Copom avalia hoje possível pausa na elevação da Selic após sete altas consecutivas

O Copom se reúne nesta quarta-feira para decidir se mantém a Selic em 15%, o maior nível em quase duas décadas, diante de uma inflação ainda resistente.

Fonte: CenárioMT

Brasília (DF), 26/10/2023, Prédio do Banco Central em Brasília. Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil
Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decide nesta quarta-feira (30) se interrompe o ciclo de altas da Taxa Selic, atualmente em 15% ao ano. Essa é a maior taxa registrada desde julho de 2006, quando alcançou 15,25% ao ano. A decisão ocorre em meio a uma inflação que dá sinais de desaceleração, mas ainda sofre pressão de preços como os de energia elétrica e passagens aéreas.

Desde setembro de 2024, o Copom realizou sete aumentos consecutivos nos juros, em uma estratégia para conter a inflação. A mais recente ata da reunião de junho indica que a manutenção da Selic por um período prolongado se justifica pelo comportamento persistente dos núcleos de inflação, que excluem itens voláteis como alimentos e tarifas públicas.

O boletim Focus mais recente aponta que a Selic deve permanecer em 15% até o fim de 2025, com possibilidade de queda somente a partir de 2026. Há divergências, no entanto, sobre o momento em que esse recuo terá início no próximo ano.

Inflação sob vigilância

Em junho, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) desacelerou para 0,24%, acumulando 5,35% em 12 meses. Já o IPCA-15 de julho, considerado uma prévia da inflação oficial, ficou acima das projeções e avançou 0,33%, pressionado principalmente pela alta nas contas de luz e passagens aéreas.

As projeções do mercado para a inflação em 2025 recuaram para 5,09%, conforme o Focus. Apesar da queda, a expectativa ainda está acima do teto da meta contínua de 4,5%, determinada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).

O papel da Selic

A Selic é a taxa usada como referência nas operações de títulos públicos e serve como instrumento principal do Banco Central para controlar a inflação. Quando os juros sobem, o crédito fica mais caro, o consumo é desestimulado e a poupança ganha atratividade, o que ajuda a conter a demanda e frear os preços. Em contrapartida, juros elevados tendem a desacelerar a economia.

Se houver corte na Selic, o crédito tende a se baratear, impulsionando a produção e o consumo. Embora isso favoreça o crescimento, pode gerar novos riscos inflacionários, caso a demanda cresça mais do que a oferta.

Nova sistemática de metas

Desde janeiro de 2024, vigora o modelo de meta contínua de inflação. A nova regra estabelece um centro de meta de 3%, com margem de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo, monitorada mensalmente com base na inflação acumulada em 12 meses.

De acordo com o Relatório de Política Monetária divulgado em junho, o Banco Central manteve a previsão de que o IPCA encerrará 2025 em 4,9%. Essa estimativa, no entanto, poderá ser revista conforme a evolução dos preços e do câmbio. Um novo relatório será apresentado no fim de setembro.