As contas públicas brasileiras encerraram junho com déficit primário de R$ 47,091 bilhões, conforme dados divulgados pelo Banco Central. O resultado negativo foi observado em todas as esferas de governo, refletindo o crescimento das despesas em ritmo superior ao das receitas.
Em comparação com junho de 2024, quando o déficit foi de R$ 40,873 bilhões, houve um aumento significativo. O déficit primário não considera os gastos com juros da dívida pública.
Apesar do desempenho negativo no mês, o acumulado de 2025 apresenta superávit de R$ 22,029 bilhões. No mesmo período do ano passado, o resultado era negativo em R$ 43,448 bilhões, indicando uma melhora de R$ 65,5 bilhões. Segundo o BC, o calendário de pagamento de precatórios influenciou esse desempenho. Em 2024, os pagamentos foram antecipados, enquanto neste ano R$ 63 bilhões estão previstos para o segundo semestre.
Nos últimos 12 meses encerrados em junho, o setor público acumulou superávit primário de R$ 17,925 bilhões, equivalente a 0,15% do PIB.
O Governo Central teve déficit de R$ 43,527 bilhões em junho, acima dos R$ 40,188 bilhões do mesmo mês de 2024. As receitas se mantiveram estáveis, mas houve queda no recolhimento de dividendos e aumento de 1,6% nas despesas. O número difere do registrado pelo Tesouro Nacional por diferenças metodológicas.
Os governos estaduais registraram déficit de R$ 1,354 bilhão, revertendo o superávit de R$ 2,011 bilhões do ano anterior. Já os municípios apresentaram superávit de R$ 400 milhões, ante déficit de R$ 954 milhões em junho de 2024. No total, os governos regionais tiveram déficit de R$ 954 milhões, contra superávit de R$ 1,057 bilhão no mesmo mês do ano passado.
As empresas estatais (excluindo Petrobras e Eletrobras) também contribuíram para o saldo negativo, com déficit de R$ 2,610 bilhões, maior que os R$ 1,742 bilhão registrados em junho de 2024.
As despesas com juros somaram R$ 61,016 bilhões em junho, valor inferior aos R$ 94,851 bilhões de 2024. O recuo foi influenciado pelos ganhos com operações de swap cambial realizadas pelo Banco Central, que renderam R$ 20,9 bilhões, contrastando com perdas de R$ 28,6 bilhões no ano anterior. Sem esses efeitos, a conta de juros teria crescido R$ 15,7 bilhões.
O déficit nominal, que inclui juros, ficou em R$ 108,107 bilhões, abaixo dos R$ 135,724 bilhões de junho de 2024. Em 12 meses, o déficit nominal acumulado é de R$ 894,388 bilhões, equivalente a 7,3% do PIB.
A dívida líquida do setor público alcançou R$ 7,702 trilhões, ou 62,9% do PIB, maior percentual da série histórica do BC iniciada em 2001. O aumento se deve ao déficit nominal e à valorização do dólar, que subiu 4,4% no mês.
Já a dívida bruta do governo geral atingiu R$ 9,388 trilhões, correspondente a 76,6% do PIB, acima dos 76,1% registrados em maio. Esse indicador é utilizado em comparações internacionais sobre a sustentabilidade fiscal.