O Brasil poderá enfrentar dificuldades no fornecimento de energia elétrica durante os horários de pico nos próximos anos, especialmente no fim da tarde, caso não sejam realizados leilões de contratação de potência. A avaliação está no Plano da Operação Energética (PEN 2025), divulgado pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).
De acordo com o estudo, entre 2025 e 2029 haverá a necessidade de despacho de usinas térmicas flexíveis para garantir a demanda energética nas horas de maior consumo. Entre as medidas em análise está a possível reintrodução do horário de verão, suspenso anteriormente, como forma de aliviar a carga no início da noite.
A geração de energia no país tem crescido com base em fontes intermitentes, como solar e eólica, além da mini e microgeração distribuída (MMGD). No entanto, essas fontes são menos eficientes à noite, justamente quando há maior necessidade de potência, o que reforça a dependência de fontes controláveis, como hidrelétricas e térmicas.
O ONS estima um aumento de 36 GW na capacidade instalada até 2029, chegando a um total de 268 GW. A energia solar, incluindo a MMGD, deve representar 32,9% da matriz elétrica brasileira, tornando-se a segunda principal fonte do Sistema Interligado Nacional (SIN).
A crescente participação das renováveis exige maior flexibilidade do sistema elétrico, especialmente por meio das hidrelétricas e térmicas. A previsão é de que, a partir de outubro, seja necessário um volume expressivo de despacho térmico para atender à demanda noturna.
Apesar da necessidade de uso das térmicas, o ONS alerta que não se deve priorizar usinas com pouca flexibilidade ou acionamento lento. O sistema precisa de soluções que respondam rapidamente às variações de demanda e à oscilação das fontes intermitentes.
O leilão de Reserva de Capacidade, que estava programado para agosto do ano passado, foi adiado diversas vezes e acabou cancelado após revogação da portaria que definia suas regras. A Aneel informou que, caso uma nova portaria seja publicada, um novo leilão poderá ser organizado com base nos documentos já elaborados.
O PEN 2025 aponta risco recorrente de insuficiência de potência entre 2026 e 2029, com violação dos critérios de confiabilidade do sistema. Por isso, o documento defende a realização anual de leilões para garantir o equilíbrio estrutural no fornecimento de energia.
Outro desafio destacado é o aumento de cargas especiais no sistema, como datacenters e instalações de hidrogênio verde, que possuem alta demanda energética e baixa flexibilidade operacional. Segundo o ONS, essas cargas devem ser consideradas com atenção especial, principalmente no horário de ponta noturno.