O comércio brasileiro deve registrar movimento recorde de R$ 5,4 bilhões durante a temporada da Black Friday deste ano, segundo projeção da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). O cálculo considera o impacto de todo o mês de novembro, característica consolidada do modelo nacional.
A CNC estima crescimento de 2,4% em relação ao resultado do ano anterior, já descontada a inflação. A data é atualmente a quinta mais relevante para o varejo, atrás apenas de grandes celebrações comemorativas.
Os setores com maior potencial de vendas incluem hiper e supermercados (R$ 1,32 bilhão), eletroeletrônicos e utilidades domésticas (R$ 1,24 bilhão), móveis e eletrodomésticos (R$ 1,15 bilhão), vestuário e acessórios (R$ 950 milhões), farmácias e cosméticos (R$ 380 milhões), além de livrarias, papelarias e itens de informática (R$ 360 milhões).
Influências
A CNC associa o desempenho favorável a fatores como desvalorização do dólar, desaceleração da inflação e aumento do emprego e da renda. A taxa de desemprego atingiu 5,6% no trimestre encerrado em setembro, o nível mais baixo da série iniciada em 2002.
Apesar do cenário positivo, a entidade aponta entraves: juros elevados e alto índice de famílias endividadas. A taxa média de crédito livre para pessoas físicas chegou a 58,3% ao ano, enquanto 30,5% das famílias possuem contas em atraso.
A concorrência com produtos importados também influencia o ritmo das vendas, já que muitos consumidores optam por plataformas estrangeiras.
Descontos
O monitoramento diário de preços realizado pela CNC indicou que 70% das categorias avaliadas mostram forte tendência de queda, com possibilidade de promoções acima de 5%.
Entre os maiores descontos médios aparecem papelaria (10,14%), livros (9,02%), joias e bijuterias (9,01%), perfumaria (8,20%), utilidades domésticas (8,18%), higiene pessoal (8,11%) e moda (7,82%).
A versão brasileira da data foi inspirada no tradicional período de liquidação dos Estados Unidos após o Dia de Ação de Graças. Em 2010, o evento movimentou R$ 1,52 bilhão e abrangia apenas alguns segmentos.
Cuidados
O período de ofertas também aumenta o risco de golpes, exigindo atenção redobrada do consumidor. Recomenda-se desconfiar de ofertas exageradas, verificar a reputação das lojas, observar prazos e políticas de reembolso, preferir sites seguros e lembrar do direito de arrependimento em compras on-line.
Em caso de suspeita de fraude ou propaganda enganosa, o consumidor pode registrar reclamação em órgãos oficiais.
Golpes por IA
Levantamento recente mostra que 63% dos consumidores não identificam golpes feitos com inteligência artificial. Especialistas apontam sinais de alerta como vozes e vídeos artificiais, anúncios envolvendo celebridades em contextos improváveis, mensagens excessivamente formais, perfis falsos e imagens com distorções visuais.
Também é importante observar atendimentos automatizados que simulam conversas humanas de forma genérica, característica comum em tentativas de fraude.


















