Acordo Mercosul–EFTA abre oportunidades para indústria brasileira em mercados de alto poder aquisitivo

CNI destaca que tratado amplia competitividade, atrai investimentos e reforça compromissos com sustentabilidade

Fonte: CenarioMT

Entre os benefícios do acordo assinado entre Mercosul e EFTA está a redução total de tarifas de importação para a indústria. Foto: Gabriel Pinheiro/CNI

O Acordo de Livre Comércio assinado nesta terça-feira (16) entre o Mercosul e a EFTA (Associação Europeia de Livre Comércio) representa um marco nas relações econômicas do Brasil com um bloco formado por Suíça, Noruega, Islândia e Liechtenstein, países que somam 14,3 milhões de habitantes e estão entre os maiores PIB per capita do mundo. Segundo avaliação da Confederação Nacional da Indústria (CNI), o tratado abre novas portas para a indústria brasileira competir em mercados de alto poder aquisitivo e reforça a atração de investimentos estratégicos.

Nos últimos anos, as trocas comerciais com a EFTA já vinham mostrando crescimento. Entre 2015 e 2024, a corrente de comércio entre Brasil e os quatro países aumentou 36,7%. Mesmo assim, um mapeamento recente aponta que o Brasil ainda possui mais de 700 produtos com potencial de exportação para esse mercado. Além disso, a EFTA se destaca como a quarta maior fonte de investimentos estrangeiros diretos no mundo. Só em 2023, o estoque de investimentos dos países do bloco no Brasil alcançou o recorde de US$ 46,2 bilhões, enquanto os investimentos brasileiros na região chegaram a US$ 11,7 bilhões.

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O comércio de serviços também reforça a relevância da parceria. O bloco europeu ocupa a terceira posição entre os principais parceiros do Brasil nesse segmento, atrás apenas dos Estados Unidos e da União Europeia.

Na prática, o acordo traz uma série de medidas que favorecem a competitividade da indústria nacional. Entre elas, a redução total de tarifas de importação para produtos industriais brasileiros, ampliando espaço para o setor no mercado da EFTA. Para a agroindústria, estão previstas quotas tarifárias específicas, como a concessão de 3.665 toneladas para carnes bovinas do Mercosul.

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Outro avanço importante está nas regras de origem mais flexíveis, que permitem ao exportador optar entre certificação de origem por entidade habilitada ou autocertificação. A medida reduz custos e facilita o acesso das empresas brasileiras. Há ainda a previsão de salvaguardas temporárias para proteger a indústria nacional caso a entrada de produtos estrangeiros cause prejuízos inesperados.

O tratado também promove a redução de barreiras técnicas, como no caso de certificações de eletrônicos, evitando exigências duplicadas que encarecem o comércio. Na agroindústria, o sistema de pre-listing sanitário possibilitará exportações mais rápidas, já que o país exportador poderá indicar previamente as empresas que cumprem normas de segurança alimentar, sem necessidade de inspeções adicionais.

Em outro ponto inédito, o Brasil incluiu no acordo cláusulas que relacionam comércio de serviços a critérios de sustentabilidade. Para que empresas estrangeiras possam prestar serviços digitais ao Brasil, será exigido que pelo menos 67% da energia elétrica do país de origem seja proveniente de fontes limpas. Noruega e Islândia adotaram a mesma regra em relação a serviços brasileiros.

O acordo também assegura proteção à propriedade intelectual, reconhecendo indicações geográficas como o queijo Canastra e o café do Cerrado, o que fortalece a imagem dos produtos brasileiros no exterior. Além disso, as empresas nacionais terão acesso a licitações públicas nos países da EFTA, ao mesmo tempo em que o Brasil manteve salvaguardas para preservar políticas industriais e sociais.

Por fim, o texto reafirma compromissos ambientais internacionais e estabelece cooperação em desenvolvimento sustentável, integrando questões sociais e ambientais às relações comerciais.

Com esse acordo, o Brasil fortalece sua inserção em um mercado exigente, mas altamente atrativo, combinando competitividade, inovação e responsabilidade socioambiental.

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Formado em Jornalismo, possui sólida experiência em produção textual. Atualmente, dedica-se à redação do CenárioMT, onde é responsável por criar conteúdos sobre política, economia e esporte regional. Além disso, foca em temas relacionados ao setor agro, contribuindo com análises e reportagens que abordam a importância e os desafios desse segmento essencial para Mato Grosso. Cargo: Jornalista, DRT: 0001781-MT