Meu filho não tem amigos e se isola, como fazer?

"Conhece verdadeiramente os filhos quem intera-se nos pormenores da sua vida." Fabiano de Abreu

Fonte: Fabiano de Abreu

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Nós, enquanto pais ou educadores nos deparamos com muitos desafios e dúvidas ao longo do processo de desenvolvimento e educação dos nossos filhos ou das crianças e jovens que temos ao nosso encargo. 

Educar uma criança, acompanhar o seu caminho, servir de guia, de exemplo, saber aconselhar, saber quando apoiar ou dissuadir nao são tarefas fáceis. 

As dúvidas vão surgir e por vezes ao ponto de colocarmos as nossas próprias capacidades e métodos em causa. 

Uma das situações mais desesperantes é quando nos apercebemos que o nosso filho é alguém sem amigos e que vive isolado. Esta é uma situação extremamente delicada e deve ser tratada com seriedade. Primeiramente temos que entender o porquê do que está a acontecer. Esse isolamento advém de uma escolha, da personalidade ou é algo imposto por uma situação externa como o bullying ou outro tipo de comportamento deste gênero. Será o nosso filho tímido ao ponto de não conseguir interagir ou simplesmente a necessidade de tal é reduzida? É muito diferente estarmos a lidar com alguém introvertido ou alguém isolado. 

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Quando alguém por personalidade é introvertido não é necessariamente um problema mas apenas mais um aspeto característico e pessoal. Ser introvertido não é necessariamente negativo e muitas vezes com o passar do tempo esse traço da personalidade tende a mudar. O importante nesta questão é não fazer referência constante a este aspeto, não tornar um rótulo para a criança, não a fazer sentir que é diferente e que há algo errado. Ser introvertido não é um problema da mesma forma que ser extrovertido também não. São dois toques opostos de ser.

Por outro lado, quando vemos uma criança que tem tendência ao isolamento e solidão a nossa atenção deve dobrar. Se a criança demonstra uma resistência à interação, forçar pode não ser a melhor situação. Devem antes ser criadas estratégias para que a demonstração de interesse venha da parte da criança. Muitas vezes essa negação da convivência de grupo se dá por receio, medo, baixa autoestima, por medo de errar ou por não se achar suficientemente bom para integrar determinado grupo. Nestes casos, o trabalho deve ser conjunto entre pais e professores de forma a que a criança se integre aos poucos. 

Na escola os professores devem estar atentos às situações de boicote e reverter esses parâmetros. Têm que criar estratégias de integração e fazer entender todas as crianças de que o grupo é muito melhor e mais rico se todos fizerem parte dele.

Por sua vez os pais devem trabalhar as questões sociais tanto dentro como fora da escola. Devem perguntar como foi o dia, fazê-los falar da escola, das atividades e dos colegas e prestar atenção para compreender se algum assunto em específico os consterna. Devem ainda procurar alargar o leque de amigos não o cingindo apenas ao grupo escolar. Muito importante é fazer com que participem em atividades como passeios e festas de aniversário de forma a que fortaleçam laços. 

Se a criança tiver uma atividade de que gostes e seja do seu interesse deve ser fomentada. Além de ser vantajoso a nível educacional ela terá contacto com outras crianças que partilham do mesmo gosto e isso pode ser uma mais valia em termos de comunicação.

Algumas vezes este tipo de estratégias mais simples não são suficientes para resolver o problema. Quando a criança necessitar de uma ajuda mais específica ela não deve ser negada. Visitar um terapeuta ou psicólogo pode ser muito vantajoso na descoberta do que inibe a criança e no procedimento a ser adotado para ultrapassar esses obstáculos.

Sobre o autor do texto: Dr. Fabiano de Abreu
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Dr. Fabiano de Abreu Agrela Rodrigues, Colunista do Cenário MT é um Pós-doutor e PhD em neurociências eleito membro da Sigma Xi, The Scientific Research Honor Society e Membro da Society for Neuroscience (USA) e da APA - American Philosophical Association, Mestre em Psicologia, Licenciado em Biologia e História; também Tecnólogo em Antropologia com várias formações nacionais e internacionais em Neurociências e Neuropsicologia. É diretor do Centro de Pesquisas e Análises Heráclito (CPAH), Cientista no Hospital Universitário Martin Dockweiler, Chefe do Departamento de Ciências e Tecnologia da Logos University International, Membro ativo da Redilat, membro-sócio da APBE - Associação Portuguesa de Biologia Evolutiva e da SPCE - Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação. Membro Mensa, Intertel e Triple Nine Society, sociedades de pessoas com alto QI.