A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima do Brasil, Marina Silva, pediu nesta sexta-feira (5), em Adis Abeba, o fim do uso dos combustíveis fósseis e do desmatamento, levando em conta as limitações econômicas de cada país. O evento marcou o encerramento do Balanço Ético Global, iniciativa do Brasil em parceria com a ONU para ampliar a participação da sociedade civil na COP30, prevista para novembro em Belém.
“Precisamos iniciar o planejamento de forma justa para o fim do desmatamento e o fim dos combustíveis fósseis. Não podemos mais continuar sem atacar as causas da mudança do clima”, afirmou a ministra.
Marina destacou que a transição energética deve considerar as diferenças nacionais, abordando o desafio tanto do lado da produção quanto do consumo, de forma justa para pessoas, países e regiões, especialmente os mais vulneráveis.
O grande desafio é ajudar economicamente os países que não conseguem abandonar os combustíveis fósseis por conta própria, acrescentou a ministra, ressaltando a necessidade de acelerar a energia renovável e oferecer alternativas a países que ainda dependem de carvão ou lenha.
Adversários poderosos
Segundo Marina, a transição energética enfrenta resistência de indivíduos e organizações poderosas, que possuem tecnologia e recursos financeiros significativos, dificultando a implementação de políticas climáticas.
O retorno de Donald Trump à presidência dos EUA intensifica esse cenário. Com ele, os Estados Unidos anunciaram novamente a saída do Acordo de Paris, além de autorizar exploração ilimitada de petróleo, eliminar subsídios para veículos elétricos e desmantelar políticas de transição energética. Grandes empresas de tecnologia do país, como Meta, Apple, Microsoft e OpenAI, manifestaram apoio às políticas do governo Trump e prometeram investimentos.
Financiamento da transição
Marina Silva destacou que, após décadas de discussões, apenas na COP28, em 2023, foi definida a necessidade de abandonar os combustíveis fósseis, triplicar a energia renovável e dobrar a eficiência energética. Na COP30, o governo brasileiro espera estabelecer metas concretas, incluindo o desmatamento zero até 2030. Nem todos os países têm recursos para essa transição, sendo necessária assistência financeira internacional.
Na COP29, foi definido que países desenvolvidos devem fornecer ao menos US$ 300 bilhões por ano até 2035 aos países em desenvolvimento, com objetivo de atingir US$ 1,3 trilhão anuais. A presidência brasileira na COP30 pretende criar mecanismos financeiros para viabilizar a transição energética e a mitigação dos impactos das mudanças climáticas.