O prazo para a entrega das novas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs), previsto para 30 de setembro, tem pressionado os países signatários do Acordo de Paris a apresentarem suas metas de redução de gases do efeito estufa.
Desde o início do mês, 16 países atualizaram suas propostas, incluindo Austrália, Angola e Chile, totalizando 50 nações com metas revisadas. No entanto, segundo o World Resources Institute (WRI), essas contribuições abrangem apenas 24% das emissões globais.
Entre os grandes emissores, China, Índia, União Europeia e Rússia ainda não enviaram suas NDCs. Gustavo Souza, diretor de Políticas Públicas da Conservação Internacional (CI-Brasil), destacou que apenas cinco países do G20 — Brasil, Estados Unidos, Reino Unido, Canadá e Japão — cumpriram o prazo inicial de fevereiro de 2025, mostrando um desafio significativo para o cumprimento das metas globais.
COP30
A menos de dois meses da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), que ocorrerá em Belém (PA), o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva e o secretário-geral da ONU, António Guterres, promovem um evento de alto nível sobre ação climática em Nova York.
O encontro faz parte da Semana do Clima e busca incentivar a apresentação de novas NDCs antes da COP30.
Desafios do multilateralismo
O governo brasileiro pretende alcançar 120 entregas de NDCs entre os 197 países-partes. Mário Gustavo Mottin, do Ministério das Relações Exteriores, afirma que o desafio está ligado a crises no multilateralismo e a ceticismo global sobre a efetividade de ações conjuntas.
Alexandre Prado, líder em mudanças climáticas da WWF-Brasil, ressalta que, apesar do descompasso entre percepção e ação climática, o multilateralismo permitiu avanços significativos, como a expansão da energia renovável no Brasil.
“Dificilmente a gente teria hoje esse volume de produção de energia vindo de fontes renováveis – eólica, solar, também biocombustíveis –, se não fosse a Conferência do Clima da ONU anual”, afirmou Prado.
O especialista destaca que, graças às medidas adotadas, a previsão de aquecimento global caiu de 6°C para 4,5°C, embora ainda insuficiente para garantir segurança climática. Prado conclui que a sobrevivência da espécie depende de esforços contínuos para manter a vida no planeta.