Na preparação para a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30) em Belém, um grupo de cientistas fornecerá dados técnicos essenciais para orientar decisões políticas do Brasil.
A coordenadora do grupo, Thelma Krug, demonstra otimismo quanto aos resultados do evento, apesar dos inúmeros desafios.
Com experiência consolidada no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e cargos de liderança no Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima (IPCC) entre 2002 e 2023, incluindo vice-presidência, Krug é reconhecida como uma das maiores especialistas globais em clima e meio ambiente.
“Precisamos levar uma voz de esperança. Embora notícias sobre a emergência climática sejam preocupantes, devemos destacar avanços dos últimos dez anos e agir com um mutirão para alcançar nossas metas na COP30”, afirmou Thelma Krug.
A cientista participou do evento “Esse tal Efeito Estufa”, promovido pelo Instituto Clima e Sociedade no Rio de Janeiro.
O Conselho Científico sobre o Clima, formado por 11 especialistas, sendo seis brasileiros e cinco estrangeiros, assessorará o presidente da COP30, embaixador André Corrêa do Lago, antes e durante a conferência.
Recentemente, os debates do grupo se concentraram em estratégias para remoção de dióxido de carbono da atmosfera, destacando que atingir zero emissões de CO2 até 2050 será um grande desafio. Entre as soluções discutidas estão reflorestamentos em larga escala e a captura e armazenamento de CO2 em sítios geológicos oceânicos.
Apesar da complexidade científica, Krug enfatiza a importância da coesão entre os países participantes na luta contra a emergência climática.
“Com mais de 190 países envolvidos, cada um com impactos climáticos distintos, o sucesso da COP30 dependerá da manutenção do multilateralismo, especialmente após a saída dos Estados Unidos do Acordo de Paris”, avaliou a cientista.
Ela também defende que as ações climáticas não devem se concentrar apenas no financiamento de países ricos.
“O financiamento é relevante, mas não podemos depender exclusivamente disso. Precisamos de um mutirão para implementar um conjunto abrangente de ações”, explicou Krug.
A especialista complementa que a agenda de ação climática deve englobar energia, agricultura e equidade, garantindo avanços práticos sem se limitar a questões financeiras.