Uma exposição fotográfica no Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, retrata o impacto de eventos climáticos extremos sobre pessoas refugiadas. O projeto, intitulado ‘Perder Tudo. Novamente’, apresenta histórias reais de indivíduos que, após fugirem de guerras, perseguições ou violência, enfrentaram novas tragédias provocadas por desastres ambientais, como enchentes, secas severas e terremotos.
Realizada pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) em parceria com a concessionária do aeroporto, a mostra evidencia que a crise climática não é apenas ambiental, mas humana, atingindo de forma desproporcional os mais vulneráveis.
Segundo Samantha Federici, chefe do escritório de Parcerias com o Setor Privado do Acnur no Brasil, as imagens convidam o público a refletir sobre a urgência de proteger aqueles que, mesmo após recomeçar, perdem tudo novamente. Em entrevista, ela destacou que eventos climáticos extremos têm gerado novos deslocamentos forçados e agravado vulnerabilidades existentes.
“Milhões de pessoas são obrigadas a deixar suas casas por causa de eventos climáticos extremos ou enfrentam esses impactos depois de já terem fugido de conflitos e perseguições. Nos últimos dez anos, desastres relacionados ao clima causaram 220 milhões de deslocamentos internos, frequentemente resultando em ‘segundos’ ou ‘terceiros deslocamentos’ para refugiados”, afirmou Samantha.
Dados do Acnur mostram que essa realidade também se manifesta no Brasil. Em 2024, enchentes no Rio Grande do Sul afetaram 2,4 milhões de pessoas, incluindo pelo menos 43 mil refugiados e solicitantes de refúgio, principalmente da Venezuela e do Haiti.
A representante do Acnur reforça a necessidade de incluir refugiados em políticas de prevenção, adaptação e resposta climática, garantindo moradias seguras, sistemas de alerta e infraestrutura resiliente, além de acesso a água, energia e meios de subsistência. Ela defende ainda a ampliação do financiamento climático global voltado às populações mais afetadas.
A exposição ficará em cartaz até 15 de setembro. Samantha ressalta que instalar a mostra em um aeroporto — espaço simbólico de partidas e recomeços — amplia a visibilidade das histórias e reforça a conexão entre deslocamento forçado e mudanças climáticas, especialmente às vésperas da COP 30.