As emissões de metano no Brasil em 2023 registraram um crescimento de 6% em relação a 2020, totalizando 20,8 milhões de toneladas, segundo levantamento divulgado pelo Observatório do Clima (OC). Em 2020, o total era de 19,6 milhões de toneladas.
O metano é um potente gás de efeito estufa, com capacidade de aquecimento global até 28 vezes superior à do CO2 em um período de 100 anos, mesmo com vida útil mais curta na atmosfera, de 10 a 20 anos, conforme destaca o OC.
A agropecuária continua sendo a principal fonte de emissões, responsável por 15,7 milhões de toneladas em 2023, cerca de 75% do total nacional, principalmente devido à fermentação entérica, o chamado arroto do boi.
O Brasil assinou o Compromisso Global do Metano na COP 26, em Glasgow, comprometendo-se a reduzir em 30% as emissões do gás até 2030 em relação a 2020. Apesar de ser o quinto maior emissor mundial de metano, o país ainda não implementou medidas significativas para cumprir o acordo, aponta o OC.
Crescimento contínuo
Segundo o Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SEEG) do OC, as emissões de metano vêm aumentando desde 2015. A comparação entre 2005 e 2020 mostra um crescimento de 2%, enquanto de 2005 a 2023 o aumento foi de 8,3%.
“Para liderar a ambição climática global, o Brasil precisa investir em regeneração florestal, recuperação de solo, energias renováveis e redução das emissões de metano, considerando a magnitude da atividade pecuária, gestão de resíduos e pobreza energética”, afirma David Tsai, coordenador do SEEG.
Os sistemas de produção de carne e leite são apontados como prioritários para a mitigação do metano na agropecuária.
O Observatório reforça que ações rápidas e coordenadas são essenciais para limitar o metano e reduzir o aquecimento global em 0,3 ºC até 2040. Limitar o CH4 oferece resultados mais rápidos que ações focadas apenas no CO2.
O Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima ainda não se manifestou sobre o tema.