O tornado que destruiu cerca de 90% da cidade de Rio Bonito do Iguaçu, no Paraná, foi apontado por especialistas como um alerta urgente sobre os impactos das mudanças climáticas. Segundo o secretário-executivo do Observatório do Clima, Márcio Astrini, o episódio deveria influenciar diretamente os debates da Conferência das Nações Unidas para o Clima (COP-30).
Astrini destacou que situações semelhantes vêm ocorrendo em diversas regiões do país e do mundo, refletindo o aumento contínuo das temperaturas globais ao longo da última década. Para ele, é necessário que os representantes internacionais reconheçam que a crise climática já produz efeitos concretos e graves.
A expectativa é de que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva mencione o caso na abertura oficial do evento, reforçando a necessidade de políticas mais efetivas para reduzir emissões e adaptar cidades e setores vulneráveis.
A oceanógrafa Renata Nagai, pesquisadora da Universidade de São Paulo, explica que tornados não são provocados exclusivamente pelas mudanças climáticas, mas o desequilíbrio do clima pode torná-los mais frequentes e intensos. O aquecimento da atmosfera e dos oceanos aumenta a umidade e fornece mais energia para tempestades severas, o que contribui para a formação desse tipo de fenômeno.
Tornados se formam a partir de nuvens de tempestade e resultam em colunas de ar girando em alta velocidade. Apesar de se desenvolverem rapidamente e atingirem áreas relativamente pequenas, podem causar destruição significativa ao tocar o solo.
O pesquisador Michel Mahiques, também da Universidade de São Paulo, ressalta que diferenças de temperatura e pressão entre massas de ar intensificadas pelas mudanças climáticas elevam a probabilidade de eventos extremos como o ocorrido no Paraná.


















