Calor ameaça ecossistemas marinhos e compromete a pesca no Atlântico

Pesquisadores identificam que a combinação de calor extremo, acidez e escassez de alimento agrava a crise nos oceanos.

Fonte: CenárioMT

Tamandaré (PE), 25/10/2023 - Coral Montastraea cavernosa no recife Pirambu, na APA Costa dos Corais. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil
Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

A intensificação simultânea de ondas de calor marinhas, acidificação das águas e baixa concentração de clorofila tem colocado os ecossistemas do Atlântico Sul e Equatorial em risco crescente. O alerta vem de um estudo publicado na revista Nature Communications, com participação da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e do Instituto Nacional de Pesquisas Oceânicas (Inpo).

Esses fenômenos, antes raros em conjunto, passaram a ocorrer anualmente desde 2016. A causa principal é a emergência climática, que tem elevado a temperatura da atmosfera e aumentado a concentração de dióxido de carbono (CO₂). O oceano, que absorve cerca de 90% do calor atmosférico e 30% do CO₂, sofre os impactos diretos desse desequilíbrio.

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Com o superaquecimento das águas e o aumento da acidez, a sobrevivência de diversas espécies depende diretamente da disponibilidade de alimento. No entanto, a elevação da temperatura reduz a presença de gases essenciais para as algas microscópicas, base da cadeia alimentar marinha.

Esse desequilíbrio ameaça a biodiversidade, afeta diretamente a sustentabilidade da pesca e da maricultura, e compromete a segurança alimentar de comunidades costeiras da América do Sul e da África. Segundo os pesquisadores, o impacto é agravado pela frequência dos eventos, que impede a recuperação natural dos ecossistemas.

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O levantamento analisou dados entre 1999 e 2018, com apoio de satélites, considerando seis áreas de alta produtividade biológica no Atlântico Sul: Atlântico Equatorial Ocidental, Atlântico Subtropical Ocidental, Confluência Brasil-Malvinas, Golfo da Guiné, Frente de Angola e Vazamento das Agulhas.

Essas regiões respondem por cerca de oito milhões de toneladas de pesca ao ano, recurso essencial para a subsistência de milhares de famílias nas duas margens do oceano.

Para a pesquisadora Regina Rodrigues, da UFSC e do Inpo, a pressão sobre os ecossistemas vai além do clima. Poluentes químicos, esgoto, pesticidas e a pesca ilegal agravam o cenário. “Precisamos ampliar áreas de conservação e criar regulamentações para aliviar o estresse ambiental. Combater aquecimento e acidificação exige políticas globais de corte nas emissões de gases do efeito estufa”, conclui.

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Graduado em Jornalismo pelo Unasp (Centro Universitário Adventista de São Paulo): Base sólida em teoria e prática jornalística, com foco em ética, rigor e apuração aprofundada.