Ambientalistas prometem ação judicial contra exploração de petróleo na Foz do Amazonas

Licença concedida pelo Ibama à Petrobras para perfuração na Margem Equatorial gera forte reação de ambientalistas, que prometem levar o caso à Justiça.

Fonte: CenárioMT

Ambientalistas prometem ação judicial contra exploração de petróleo na Foz do Amazonas
Foto: CEZAR FERNANDES

Ambientalistas, cientistas e organizações da sociedade civil anunciaram que irão à Justiça contra a licença concedida pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) que autoriza a Petrobras a perfurar poços de pesquisa exploratória na bacia da Foz do Amazonas, localizada na Margem Equatorial. A medida é vista como uma ameaça à biodiversidade e ao clima global, especialmente às vésperas da COP30, que será realizada em Belém.

Para os críticos, a decisão compromete a imagem do Brasil como liderança climática. Suely Araújo, do Observatório do Clima, afirmou que o governo brasileiro está “estimulando a expansão fóssil, contrariando a ciência e prejudicando a própria COP30”. Ela anunciou que entidades ambientais devem processar o governo nos próximos dias.

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A Petrobras e o Instituto Brasileiro de Petróleo (IBP) comemoraram a autorização, destacando o potencial econômico do projeto. A estatal classificou a licença como “uma conquista da sociedade brasileira” e informou que a perfuração começará imediatamente em águas profundas do Amapá, a cerca de 175 quilômetros da costa. Segundo a empresa, a fase inicial durará cinco meses e não envolve produção de petróleo.

Crise climática e críticas científicas

Especialistas alertam que a exploração na região pode agravar o aquecimento global. O climatologista Carlos Nobre afirmou que a Amazônia está próxima do ponto de não retorno e que “não há justificativa para novas explorações de petróleo”. Já Paulo Artaxo, do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), defendeu que o Brasil invista em energias renováveis, como solar e eólica, e não em combustíveis fósseis.

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Outras lideranças ambientais, como Clara Junger e Mariana Andrade, consideram que a decisão reforça desigualdades e contradiz os compromissos internacionais de transição energética. Nicole Oliveira, do Instituto Arayara, classificou a medida como “política, e não técnica”, enquanto o Instituto Talanoa avaliou que a escolha “afasta o Brasil das metas do Acordo de Paris”.

Posição do governo

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defende que o país explore suas reservas de forma responsável, afirmando que “o mundo ainda não está preparado para viver sem o petróleo”. Já a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, reconheceu as contradições entre exploração e transição energética, mas disse que o governo está “disposto a superá-las”.

Enquanto a Petrobras segue com os planos de perfuração, o embate entre desenvolvimento econômico e preservação ambiental volta ao centro das discussões sobre o futuro energético do Brasil.

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Graduado em Jornalismo pelo Unasp (Centro Universitário Adventista de São Paulo): Base sólida em teoria e prática jornalística, com foco em ética, rigor e apuração aprofundada.