O ativista nigeriano Olumide Idowu, com experiência em nove edições de conferências da ONU sobre mudanças climáticas, reforçou em Belém a necessidade de soluções efetivas para a África no contexto da COP30. Diretor executivo da International Climate and Development Initiative Africa, ele defende que o continente precisa de voz firme nas negociações e critica propostas que não atendem às necessidades reais das populações locais.
Para Idowu, o financiamento climático deve ser compatível com as demandas africanas, sem mecanismos que ameacem o uso produtivo das terras. Ele afirma que o momento exige ação imediata: após três décadas de discussões, a implementação é urgente.
O ativista destaca que a ICCDI trabalha para fortalecer a consciência climática em comunidades africanas, atuando em temas como energia renovável, saneamento, agricultura e biodiversidade. A entidade busca reduzir a distância entre governos e populações, incentivando soluções formuladas pelas próprias comunidades.
Durante a COP30, Idowu monitora avanços sobre financiamento, perdas e danos e o posicionamento do governo nigeriano. Ele também acompanha a atuação do Grupo Africano de Negociadores, responsável por defender que todos os países do continente tenham espaço nas decisões.
Segundo ele, a África tem apresentado vozes fortes no evento, com foco em romper a visão de que o continente é mera área de compensações de carbono. Idowu rejeita iniciativas que impliquem apropriação territorial e reforça que a região precisa de investimentos que fortaleçam comunidades e gerem renda.
O ativista ainda menciona desafios relacionados ao carbono azul e à proteção de manguezais, ressaltando que a África exige mudanças rápidas para não ficar à margem das soluções climáticas globais.
Sobre as demandas africanas, Idowu afirma que o continente é rico em recursos e busca propostas concretas de adaptação e mitigação, além de cobrar responsabilidades do Norte Global. Ele destaca que a África deve ser vista como polo estratégico e não como destino de impactos ambientais.
No Dia da Consciência Negra, o ativista afirmou que as lutas africanas dialogam com a realidade dos afrodescendentes no Brasil e reforçou a necessidade de formação e capacitação digital para ampliar a compreensão dos efeitos da mudança climática. Para ele, é urgente avançar da ambição para a ação, em benefício da África e do mundo.


















