Cashback de impostos pode aumentar renda das famílias

Compras feitas em comércios informais não dão direito ao cashback, já que não há emissão de nota fiscal.

Fonte: CENÁRIOMT

Cashback de impostos pode aumentar renda das famílias-Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

O cashback de impostos — mecanismo criado pela reforma tributária para devolver parte dos tributos pagos pelas famílias de baixa renda — deve elevar a renda dos brasileiros mais pobres, mas com efeitos diferentes conforme a região do país.

Um estudo do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre/FGV) mostra que o benefício pode aumentar, em média, 10% da renda dessas famílias, mas o impacto será maior no Centro-Oeste (12%), Sudeste (11%) e Sul (10,1%) do que no Norte (8,32%) e Nordeste (7,76%).

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Segundo os pesquisadores Rafael Barros Barbosa, Glauber Nojosa e Francisco Mário Martins, a principal explicação está no nível de consumo.

Em regiões onde as famílias têm renda menor — como Norte e Nordeste — o consumo também é mais baixo. Como o cashback devolve parte dos impostos embutidos nas compras, quem consome menos recebe menos de volta.

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Além disso, a informalidade é maior nessas regiões. Compras feitas em comércios informais não dão direito ao cashback, já que não há emissão de nota fiscal. Em 2022, a informalidade era de 60,1% no Norte e 56,9% no Nordeste, bem acima da média nacional de 40,9%, segundo o IBGE.

Quem tem direito ao cashback de impostos?

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Quem tem direito ao cashback de impostos?

A reforma tributária, sancionada em janeiro de 2025, criou o cashback para tornar o sistema mais progressivo — ou seja, para que as famílias pobres paguem proporcionalmente menos tributos do que as de maior renda.

Para receber o benefício, é preciso:

  • estar inscrito no Cadastro Único (CadÚnico);
  • ter renda familiar por pessoa de até meio salário mínimo (R$ 759 em 2025).

O CadÚnico reúne quase 95 milhões de brasileiros.

Quanto as famílias receberão de volta?

O cálculo funciona assim:

  • 100% de devolução do CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços);
  • 20% de devolução do IBS (Imposto sobre Bens e Serviços).

Esses tributos incidem sobre itens essenciais como:

  • água e esgoto;
  • energia elétrica;
  • telefonia e internet;
  • gás de cozinha.

Para demais produtos, o cashback será de 20% do CBS e do IBS.

Os dois impostos substituem tributos antigos como ICMS, ISS, IPI, PIS e Cofins.

Consumo e informalidade influenciam no valor recebido

O pesquisador Rafael Barros Barbosa (UFC) explica que famílias do Norte e Nordeste, além de consumirem menos, compram mais no comércio informal — feiras, ambulantes e pequenos negócios sem regularização.

Esse tipo de compra não gera devolução de imposto. Com isso, famílias com padrão de consumo semelhante acabam recebendo valores diferentes conforme a região onde vivem.

Reforma pode estimular a formalização

O estudo aponta que a reforma tributária tende a reduzir a informalidade no país. Empresas só poderão aproveitar créditos tributários se comprarem de fornecedores formalizados, o que deve organizar toda a cadeia produtiva.

Para as famílias de baixa renda, o próprio cashback pode se tornar um incentivo:

  • comprar no comércio formal garante devolução;
  • comprar no informal não gera benefício.

Por que o cashback de impostos importa?

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Por que o cashback de impostos importa?-Foto: Canva

Mesmo com diferenças regionais, o mecanismo representa um avanço no combate à desigualdade. A devolução de impostos reduz o peso das contas básicas no orçamento das famílias e dá um alívio que não existe para quem tem maior renda.

A medida também aproxima o Brasil de modelos tributários adotados em países que usam o sistema de devolução para proteger a população mais vulnerável.

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Graduada em Jornalismo pela Faculdade La Salle em Lucas do Rio Verde (MT), atuou como estagiária na Secretaria Municipal de Educação. Desde 2010 trabalha na redação e, atualmente, é repórter e redatora do CenárioMT nas editorias Mundo, Mato Grosso e Cidadania. Para dúvidas, correções ou sugestões de pauta, entre em contato: [email protected]