Os eleitores cegos que estudam no Instituto dos Cegos do Estado de Mato Grosso participaram, nesta segunda-feira (19 de setembro), de um treinamento teórico e prático sobre urnas eletrônicas. O evento foi promovido pela Escola Judiciária do Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso, em parceria com a Secretaria de Tecnologia da Informação. Os 35 eleitores participantes da capacitação consideraram a iniciativa importante e enriquecedora.
“Tirei algumas dúvidas. Sobre horário de votação, ordem de votação e voto de legenda. Esse evento é importante porque infelizmente no Brasil muitos eleitores pegam papel na rua e votam de qualquer maneira. Só tenho direito de cobrar se eu participar. No Brasil muitos deficientes não fazem valer seus direitos e não têm consciência da importância de seus votos. Agora, quando todos entenderem do peso do voto somado, eles vão querer votar. Não podemos ter o discurso de dizer não sou obrigado a votar”, ressaltou o eleitor Marcos Paulino de Melo.
A coordenadora pedagógica do Instituto, Sueli Gonçalves de Araújo Silva, ressaltou que a iniciativa do TRE veio ao encontro do anseio dos alunos. “Nossos alunos já haviam manifestado vontade de ter esse contato, de receber orientações. É uma iniciativa de fundamental importância pois nós, que somos videntes, sentimos dificuldade no momento da votação, imagine como é para eles. Então, o TRE abriu espaço para tirar dúvidas e manusear as urnas. Muitas de nossos alunos nem sabiam que as urnas têm o recurso de áudio”.
A palestra e o treinamento foram conduzidos pela servidora do TRE, Lídia Silvério, que explicou como funciona a urna eletrônica e seus recursos de acessibilidade e respondeu dúvidas dos eleitores presentes sobre direitos para o exercício do voto. “Para nós, da Justiça Eleitoral, esse evento também é uma oportunidade de conhecer as diversas realidades das pessoas em nossa sociedade. A Justiça Eleitoral tem investido em acessibilidade para que todos os eleitores possam exercer o voto com comodidade e segurança. Viemos treiná-los e permitir que votem com o máximo de autonomia. Todas as urnas eletrônicas estão habilitadas com o sistema de votação por áudio, basta solicitar ao mesário. Além disso, a Resolução do TSE permite que o eleitor cego leve um acompanhante para auxiliá-lo no que for estritamente necessário para o exercício do voto”.
Acessibilidade
Todas as urnas eletrônicas são preparadas para atender pessoas com deficiência visual. Além do sistema braile e da identificação da tecla número cinco nos teclados, os tribunais eleitorais disponibilizam fones de ouvido nas seções com acessibilidade e naquelas onde houver solicitação específica, para que o eleitor cego ou com deficiência visual receba sinais sonoros com indicação do número escolhido e retorno do nome do candidato em voz sintetizada.
Antes disso, é possível utilizar o alfabeto comum ou o braile para assinar o caderno.
