O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Geraldo Alckmin, afirmou que até 35,9% das exportações brasileiras podem ser afetadas pelo tarifaço de 50% anunciado pelos Estados Unidos. Apesar de uma lista com cerca de 700 produtos ter sido poupada da medida, o impacto sobre setores importantes da economia ainda é significativo.
Durante entrevista ao programa Mais Você, da TV Globo, Alckmin disse que o governo federal está preparando um plano emergencial para atenuar os efeitos da decisão americana. O foco será preservar empregos e apoiar os segmentos mais atingidos.
“Vamos nos debruçar nesses 35% e preservar empregos, fazendo estudos visando esses setores mais afetados”, declarou.
A decisão norte-americana, anunciada em carta oficial no dia 9 de julho pelo presidente Donald Trump, prevê a taxação de produtos brasileiros a partir de 6 de agosto. Entre os itens que ficaram fora da medida estão suco e polpa de laranja, combustíveis, minérios, fertilizantes, aeronaves e derivados de celulose e energia. Por outro lado, produtos como café, frutas e carnes serão taxados em 50%.
Alckmin destacou que a gravidade dos impactos varia entre os setores. “Há setores que exportam metade da produção, sendo 70% para os EUA. Esses são os mais atingidos”, explicou.
Governo prepara reação
Segundo Alckmin, o governo já tem um plano quase finalizado, com medidas de natureza financeira, creditícia e tributária. “Ainda está sob análise, porque novos detalhes do tarifaço só foram revelados recentemente”, comentou. O plano deve incluir apoio a setores como o de pescado, mel e frutas, além de ampliar a lista de produtos poupados da tarifa, como manga e carne bovina.
Alckmin também reforçou que o Brasil buscará novos mercados para manter a produção ativa. “Temos de correr atrás na área agrícola. Já abrimos 398 novos mercados e estamos em negociações comerciais com a União Europeia e países como Noruega, Suíça, Islândia e Liechtenstein”, disse.
Soberania em pauta
Durante a entrevista, Alckmin ainda abordou o tema da soberania nacional. O vice-presidente criticou tentativas de interferência externa e defendeu a independência entre os poderes no Brasil. Ele mencionou que o presidente Lula se reuniu com ministros do Supremo Tribunal Federal para reafirmar o compromisso com o estado democrático de direito.
“Não é possível um poder interferir em outro. Essa tentativa vai contra a democracia”, disse Alckmin, comparando a situação a uma hipotética retaliação brasileira a decisões judiciais americanas.
O governo segue dialogando com autoridades dos EUA e representantes de grandes empresas de tecnologia, buscando soluções diplomáticas e comerciais para mitigar os prejuízos.
