O governo federal informou que realizará uma consulta às comunidades do Rio Tapajós sobre o projeto de hidrovia na região, após o protesto dos Munduruku que bloqueou a entrada da COP30. O anúncio foi feito pelo ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Guilherme Boulos, durante o encerramento da Cúpula dos Povos.
Boulos destacou que o governo promoverá uma consulta livre, prévia e informada antes de qualquer intervenção no rio e que será criada uma mesa de diálogo em Brasília para tratar do tema com lideranças indígenas. Segundo o ministro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro da Casa Civil, Rui Costa, foram informados sobre as reivindicações.
O ministro reafirmou ainda que novas demarcações de terras indígenas estão previstas para o próximo ano, em linha com os compromissos assumidos pelo governo em relação à Amazônia e aos povos tradicionais.
O protesto ocorrido na sexta-feira bloqueou a Zona Azul, área destinada às negociações da COP30, onde apenas pessoas credenciadas têm acesso. Os manifestantes cobraram participação nas discussões e pediram a revogação do Decreto nº 12.600/2025, que autoriza a privatização de empreendimentos hidroviários nos rios Madeira, Tocantins e Tapajós.
Os Munduruku também protestaram contra a construção da Ferrogrão, por entenderem que o empreendimento afeta o modo de vida das comunidades e pressiona seus territórios. Após a mobilização, representantes indígenas foram recebidos pelo presidente da conferência, embaixador André Corrêa do Lago.
Acompanhado das ministras Marina Silva e Sônia Guajajara, Boulos ressaltou que as manifestações demonstram a participação ativa da sociedade na COP30 e reconheceu o papel da Cúpula dos Povos na defesa dos direitos socioambientais.
A carta final da Cúpula dos Povos, divulgada neste domingo, criticou o que os participantes chamaram de “falsas soluções” para enfrentar a crise climática. O documento responsabiliza o modelo de produção capitalista pelo agravamento dos eventos extremos e destaca que populações periféricas são as mais afetadas.
O texto aponta empresas transnacionais como grandes responsáveis pela crise climática e defende medidas como demarcação de terras indígenas, reforma agrária, incentivo à agroecologia, fim dos combustíveis fósseis e taxação de grandes corporações para financiar uma transição justa.
Com participação de cerca de 70 mil pessoas, a Cúpula dos Povos ocorreu paralelamente à COP30 e reuniu movimentos sociais, povos tradicionais, trabalhadores urbanos e organizações de diversos países. O encontro terminou com um grande “banquetaço” na Praça da República, em Belém, celebrando os cinco dias de debates e mobilizações.
















