Durante cerimônia no Palácio do Planalto nesta sexta-feira (1º), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez um apelo direto ao governo e ao Banco Central para que apresentem alternativas de financiamento ao setor habitacional. A cobrança ocorre em meio à retração da principal fonte de crédito imobiliário no país: a caderneta de poupança.
Lula destacou a importância de atender também a classe média no programa Minha Casa, Minha Vida, e reforçou que trabalhadores com renda de até R$ 12 mil também devem ter direito à casa própria. “Casa para um cidadão que trabalha, esse cara também tem direito a casa”, afirmou o presidente.
Na ocasião, ele cobrou resposta de ministros e autoridades como Jader Filho (Cidades), Rui Costa (Casa Civil), Carlos Vieira (presidente da Caixa), Inês Magalhães (vice-presidente de Habitação) e Gabriel Galípolo (presidente do Banco Central). “Já estamos em agosto e ainda não me entregaram a proposta”, reclamou.
A preocupação se intensifica diante dos saques líquidos acumulados na poupança: foram R$ 49,6 bilhões apenas em 2025, apesar de dois meses consecutivos de saldo positivo. Em junho, a entrada líquida foi de R$ 2,1 bilhões. A alta da taxa Selic tem incentivado investidores a migrarem para aplicações mais rentáveis.
Como solução, o ministro Jader Filho propôs a redução dos depósitos compulsórios exigidos pelo Banco Central sobre a poupança, que hoje é de 20%. Ele defende que 80% dos recursos liberados sejam destinados exclusivamente à habitação, com limite de juros. “Ou lançamos com essas travas ou não devemos lançar”, declarou.
O ministro também reforçou que o foco dos recursos deve ser exclusivamente habitacional, sem desvio para empreendimentos como shopping centers.
Na mesma cerimônia, Lula participou da entrega simultânea de 1.876 moradias do Minha Casa, Minha Vida, distribuídas por cidades do Norte e Nordeste, como Pojuca e Paulo Afonso (BA), Horizonte (CE), Açailândia (MA), Teresina (PI) e Chapada de Areia (TO).
Os empreendimentos seguem o novo modelo do programa habitacional, com melhor infraestrutura e localização. “O povo quer dignidade, com escola, saúde, creche e ponto de ônibus perto”, enfatizou o presidente.
Lula voltou a afirmar que a habitação representa segurança para as famílias de baixa renda e defendeu o uso de todos os recursos possíveis da Caixa para ampliar o acesso à moradia.