Lula anuncia taxação sobre empresas digitais americanas em resposta a tarifas de Trump

Presidente reage às tarifas impostas por Trump às exportações brasileiras e promete tributar big techs dos EUA.

Fonte: CenárioMT

Lula anuncia taxação sobre empresas digitais americanas em resposta a tarifas de Trump
Foto: Bruno Peres/Agência Brasil

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que o Brasil vai tributar empresas digitais americanas, em resposta à decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de aplicar uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros. A declaração foi feita nesta quinta-feira (17), durante o congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE), em Goiânia.

Segundo Lula, a medida é uma reação à ofensiva comercial dos EUA e uma forma de proteger a soberania nacional. “Esse país só é soberano porque o povo brasileiro tem orgulho desse país. Vamos cobrar imposto das empresas americanas digitais”, declarou.

Trump, em carta enviada ao governo brasileiro, justificou a taxação com base em supostos ataques do Brasil às atividades comerciais digitais e acusou o país de censurar redes sociais, ameaçando plataformas com multas milionárias. Ele também citou o ex-presidente Jair Bolsonaro, réu no STF, pedindo sua anistia.

Especialistas ouvidos por veículos nacionais apontam que a resistência das big techs à regulação brasileira pode ter influenciado a decisão de Washington. No Brasil, o Supremo Tribunal Federal decidiu recentemente que as plataformas digitais devem ser responsabilizadas por conteúdo ilegal postado por usuários.

No evento estudantil, Lula reforçou que o Brasil responderá ao tarifaço com base na Lei de Reciprocidade Econômica, regulamentada esta semana. Um comitê também foi criado para negociar com o setor produtivo e com autoridades norte-americanas.

“O Brasil gosta de negociação, respeita o diálogo. Mas não aceitaremos interferência em nossos assuntos internos”, afirmou o presidente. Ele destacou ainda que o governo já havia tentado uma solução diplomática, enviando uma proposta de acordo aos EUA em maio, sem retorno.

Lula criticou o uso das redes sociais para disseminar desinformação e incitação ao ódio, especialmente contra mulheres, negros e a comunidade LGBTQIA+. “Não aceitaremos que, em nome da liberdade de expressão, as plataformas promovam violência e mentiras”, declarou.

Diante de cerca de 10 mil estudantes na Universidade Federal de Goiás, Lula sancionou a lei que amplia os repasses do Fundo Social para políticas de assistência estudantil. Ele pediu mais engajamento político da juventude para combater a desinformação e defender a democracia.

Em carta lida durante a cerimônia, entidades estudantis defenderam investimentos em educação como resposta ao avanço da extrema-direita e às ameaças externas. “Diante das chantagens dos EUA, erguemos nossa bandeira de soberania”, declararam representantes da UNE, Ubes e ANPG.