O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), afirmou nesta quinta-feira (7) que a retomada das atividades no plenário não foi fruto de negociação com a oposição para pautar o projeto de anistia aos condenados por envolvimento na tentativa de golpe após as eleições de 2022.
“A presidência da Câmara é inegociável. Quero que isso fique bem claro. As matérias que estão sendo divulgadas sobre uma suposta negociação para o fim da ocupação não correspondem à realidade”, declarou Motta, reforçando que não há acordo com governo ou oposição nesse sentido.
O impasse foi superado na noite de quarta-feira (6), após quase 30 horas de ocupação por deputados da oposição, que protestavam contra a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro, determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). A medida ocorreu por descumprimento de restrições judiciais relacionadas ao uso de redes sociais e à suposta transferência de recursos via Pix ao seu filho, Eduardo Bolsonaro.
Motta conseguiu assumir a presidência da sessão apenas após resistência no plenário. Em seu discurso, reforçou a importância do respeito e do diálogo institucional. A sessão foi encerrada sem votação de matérias.
Mesmo com o fim da ocupação, oposicionistas alegaram ter articulado apoio de bancadas como Novo, PP, União Brasil e PSD para incluir a anistia na pauta da próxima semana. Juntas, essas siglas somam 247 deputados, quase metade dos 513 da Câmara.
No entanto, as assessorias de PSD, PP e União Brasil não confirmaram esse compromisso. Ainda que a definição da pauta caiba ao presidente da Casa, a pressão da maioria pode influenciar sua decisão.
Para Motta, a solução encontrada foi “a menos traumática” e respeitou o regimento da Câmara. “Mais uma vez, o diálogo prevaleceu”, declarou ele aos jornalistas.