Fraude no INSS: advogado denuncia conivência em descontos irregulares

O advogado Eli Cohen revelou à CPMI do INSS que grandes fraudes em mensalidades associativas só foram possíveis com a participação de altos cargos públicos.

Fonte: CenárioMT

Fraude no INSS: advogado denuncia conivência em descontos irregulares
Foto: Antônio Cruz/ Agência Brasil

O advogado Eli Cohen, um dos primeiros a identificar a ilegalidade nos descontos de mensalidades associativas de aposentados e pensionistas, afirmou à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS que a fraude exigiu a conivência de servidores e autoridades de alto escalão.

“Esse crime não poderia ter sido realizado sem o envolvimento do presidente do INSS, do Departamento de Benefícios e, possivelmente, de um ministro da Previdência”, declarou Cohen.

O advogado explicou que começou a investigar o caso em dezembro de 2022, ao ser contratado por dois aposentados que eram usados como laranjas por associações que cobravam mensalidades irregulares. Segundo ele, a fraude era extensa e envolvia diversas entidades associativas.

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“Eles procuraram meu escritório porque estavam com dificuldades financeiras. Em dez minutos, percebi que se tratava de uma fraude endêmica”, relatou Cohen.

Em abril de 2025, a Operação Sem Desconto, conduzida pela Polícia Federal e Controladoria-Geral da União, revelou que milhões de descontos foram realizados sem o consentimento dos beneficiários. No mesmo dia, o então presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, foi exonerado, e outros cinco dirigentes afastados.

Cohen reforçou que a fraude só prosperou porque as autoridades “combinaram de não enxergar nada” e que, diante da inércia de órgãos públicos, recorreu ao jornalismo investigativo para tornar a questão pública.

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O advogado traçou a origem da chamada Farra do INSS à Medida Provisória 130 de 2003, que permitiu descontos em folha para empréstimos e financiamentos, mas acabou beneficiando instituições financeiras em detrimento dos aposentados. Ele destacou que denúncias de fraudes em consignados surgiram a partir de 2005, indicando um problema persistente até hoje.

“Tudo que estou relatando está comprovado. Deixarei todas as fontes à disposição da CPMI. O modelo de fraude se repete em diferentes sindicatos e associações, sempre com as mesmas vítimas: aposentados e pensionistas”, concluiu Cohen.

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Graduado em Jornalismo pelo Unasp (Centro Universitário Adventista de São Paulo): Base sólida em teoria e prática jornalística, com foco em ética, rigor e apuração aprofundada.