Em discurso na abertura do Fórum Mundial da Alimentação, em Roma, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que “a fome é irmã da guerra e inimiga da democracia”. Segundo ele, os conflitos armados e as barreiras comerciais impostas por países ricos aprofundam a crise alimentar mundial.
Lula destacou que as guerras não apenas causam sofrimento humano, mas também desorganizam cadeias de produção e distribuição de alimentos. Para o presidente, as políticas protecionistas de nações desenvolvidas comprometem a segurança alimentar nos países em desenvolvimento.
Ao citar a situação em Gaza e a paralisia da Organização Mundial do Comércio, Lula disse que a fome reflete o enfraquecimento das instituições multilaterais e das regras internacionais. Ele reforçou que o acesso à alimentação continua sendo um instrumento de poder e que a desigualdade entre ricos e pobres permanece como uma das principais causas do problema.
O presidente destacou que o planeta produz comida suficiente para alimentar uma vez e meia a população mundial, mas ainda há 673 milhões de pessoas em situação de insegurança alimentar. Ele comemorou o fato de que o Brasil voltou a sair do Mapa da Fome, conforme relatório recente da FAO.
De acordo com Lula, 2024 marcou o menor índice de domicílios em insegurança alimentar grave da história do país, além da menor proporção de lares com crianças de até cinco anos nessa condição desde 2004. “Estamos interrompendo o ciclo de exclusão”, afirmou.
Para o presidente, um país soberano é aquele capaz de alimentar seu povo. Ele reforçou que a fome é incompatível com a democracia e o pleno exercício da cidadania.
Multilateralismo
Lula também ressaltou o papel do multilateralismo na luta contra a fome e lembrou os 80 anos da FAO, destacando a importância da entidade e de seu trabalho conjunto com o Programa Mundial de Alimentos e o Fundo Internacional para o Desenvolvimento da Agricultura. “O mundo seria um lugar pior sem o multilateralismo”, afirmou.
O presidente recordou que participou, há dez anos, das comemorações dos 70 anos da FAO, quando o clima era de otimismo com a adoção da Agenda 2030. No entanto, observou que, atualmente, os desafios aumentaram e o espírito de cooperação internacional enfraqueceu. “Os obstáculos são maiores, mas não há alternativa senão persistir. Enquanto houver fome, a FAO continuará indispensável”, concluiu.