Entre janeiro e julho de 2025, o Ligue 180 recebeu 86.025 denúncias de violência contra mulheres, ficando em terceiro lugar entre os 594.118 atendimentos registrados pelo serviço no período. A Central de Atendimento à Mulher é coordenada pelo Ministério das Mulheres e funciona como canal gratuito e sigiloso de orientação e denúncia.
A maior parte dos atendimentos foi motivada por pedidos de informação. Quando há denúncia de violência, os dados são registrados e encaminhados aos órgãos competentes nas esferas federal, estadual e municipal, além de fornecerem orientações sobre direitos, legislação e serviços especializados.
Para reforçar a transparência, o ministério lançou nesta quinta-feira (7) o Painel de Dados do Ligue 180, com acesso público. A ferramenta traz dados sobre o perfil das vítimas e dos agressores, os tipos de violência e o contexto das ocorrências.
O lançamento integra as ações do Agosto Lilás e celebra os 19 anos da Lei Maria da Penha. A ministra das Mulheres, Márcia Lopes, destacou a importância das estatísticas para construir políticas públicas eficazes de enfrentamento à violência.
O Ligue 180 reúne dados por meio de canais como telefone, WhatsApp, e-mail e videochamada em Libras. A coordenadora-geral do serviço, Ellen dos Santos Costa, ressalta que a iniciativa fortalece estratégias baseadas em evidências para combater a violência de gênero.
Segundo os dados mais recentes, 57,7% das vítimas são heterossexuais e 44,3% são mulheres negras. Em 47,58% dos casos, o agressor é parceiro ou ex-parceiro. Outros responsáveis incluem vizinhos (5,3%) e pessoas com outros vínculos ou não declarados.
Entre os suspeitos, 49,2% são homens heterossexuais e 41,4% são pessoas negras. O Ministério das Mulheres chama atenção para a interseção entre violência de gênero e raça.
Os principais tipos de violência relatados foram: física (41,4%), psicológica (27,9%) e sexual (3,6%). Casos fora do escopo da Lei Maria da Penha também foram registrados, com 9.866 denúncias de violência psicológica em outros contextos.
Quanto ao local das ocorrências, 40,7% aconteceram na casa da vítima, 28,2% em domicílio compartilhado com o agressor e 5,5% na residência do suspeito. Em 21,9% das denúncias, a violência durava mais de um ano e, em 9%, há mais de cinco anos.
O Painel de Dados mostra que muitas mulheres convivem com a violência por longos períodos antes de buscar ajuda. Para o governo, isso reforça a urgência em ampliar políticas de prevenção, proteção e acesso à rede de apoio.
Também foi lançado o Painel da Rede de Atendimento à Mulher, com informações sobre serviços públicos como delegacias especializadas, juizados e abrigos para vítimas.
O governo federal busca a adesão de todas as unidades da federação ao Pacto Nacional de Prevenção aos Feminicídios. Hoje, apenas 14 estados firmaram acordos de cooperação técnica. A ministra defende a criação de estruturas governamentais específicas para a promoção dos direitos das mulheres.
O Ligue 180 funciona 24 horas por dia, todos os dias da semana, com atendimento gratuito e sigiloso. Também atende mulheres brasileiras no exterior por WhatsApp, em português, inglês, espanhol e Libras. Em emergências, a orientação é acionar o número 190 da Polícia Militar.


















