O relator da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Crime Organizado, senador Alessandro Vieira (MDB-SE), afirmou que tratar facções criminosas como terrorismo pode comprometer investigações, já que a responsabilidade pelo combate ao terrorismo é federal.
Em entrevista à Agência Brasil, Vieira destacou que a mudança de jurisdição de processos criminais das facções para a esfera federal poderia destruir anos de conhecimento acumulado por profissionais qualificados no combate ao crime.
O senador também reconheceu que é possível equiparar facções e terrorismo em termos de penas, desde que haja cuidados técnicos para preservar os resultados obtidos até agora.
Vieira criticou operações de Garantia da Lei e da Ordem realizadas por militares em áreas urbanas, afirmando que tiveram resultados mínimos e temporários. Ele destacou que as Forças Armadas devem focar no controle de fronteiras para restringir o tráfico de armas e drogas.
O parlamentar ressaltou ainda que a CPI deve produzir um diagnóstico completo sobre segurança pública, permitindo identificar soluções eficazes e corrigir falhas estruturais, incluindo financiamento, planejamento e integração entre as forças de segurança.
Sobre a possibilidade de abrir exceções no teto de gastos para financiar a segurança pública, Vieira afirmou que será necessário avaliar o volume de recursos necessários e buscar soluções técnicas e pontuais.
O senador reiterou que não considera adequado convocar líderes de facções para a CPI, pois isso poderia fortalecer o crime organizado. Ele destacou que operações recentes, como Carbono Oculto e Contenção, têm papéis complementares no combate ao crime e no enfrentamento da lavagem de dinheiro em mercados legais, como o de combustíveis.
Vieira concluiu que o combate ao crime organizado exige ações coordenadas e contínuas, combinando repressão, descapitalização de facções, retomada de territórios e fortalecimento do sistema prisional.


















