O governador Cláudio Castro determinou que Rafael Picciani (MDB-RJ) reassumisse seu mandato na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), após a prisão do deputado estadual Thiego Raimundo dos Santos Silva, conhecido como TH Joias, realizada nesta terça-feira em uma ação integrada da Polícia Federal, Civil e Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ).
Em nota, Castro afirmou: “O retorno de Rafael já estava previsto, mas, diante da operação realizada hoje, decidimos antecipar. O trabalho integrado deixa um recado muito claro: a lei vale para todos”.
TH Joias foi detido em sua residência na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio, sob suspeita de intermediar a compra e venda de armas para o Comando Vermelho, principal facção criminosa do estado.
Além de TH, foram presos Gabriel Dias de Oliveira, conhecido como Índio do Lixão, acusado de tráfico de drogas; Luiz Eduardo Cunha Gonçalves, assessor do parlamentar; o ex-secretário Alessandro Pitombeira Carracena; o delegado da Polícia Federal Gustavo Stteel, e três policiais militares. Outras oito pessoas também foram detidas durante a operação.
Detalhamento da denúncia
O procurador-geral de Justiça do Rio de Janeiro, Antonio José Campos Moreira, detalhou que quatro investigados, incluindo TH Joias, responderão por associação a organização criminosa e comércio ilegal de armas de fogo de uso restrito, intermediadas pelo parlamentar. Também foram instaurados procedimentos para apurar vazamento da operação, tentativa de fuga e destruição de provas.
As investigações seguem em curso, com foco no tráfico de drogas, envolvendo negociação estimada em R$ 5 milhões, e em suspeitas de lavagem de dinheiro através de franquia de loja localizada no Mato Grosso do Sul.
Indícios de corrupção e oferta de propina a policiais também foram identificados. Segundo Antonio Moreira, o poder econômico das organizações criminosas é utilizado para corromper autoridades e facilitar a entrada de criminosos em cargos públicos.
“São necessárias ações de prevenção para evitar que pessoas envolvidas com atividades criminosas obtenham o registro de candidatura. Deve haver investigação prévia mais efetiva. Estamos atuando para que haja limpeza dos órgãos públicos quando identificada a presença de pessoas ligadas ao crime”, destacou o procurador.
Atuação dos acusados
Segundo denúncia do MPRJ ao Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, os envolvidos atuavam nos Complexos da Maré e do Alemão e na comunidade de Parada de Lucas, intermediando compra e venda de drogas, armas e equipamentos antidrones, além de movimentar grandes quantias em espécie para financiar atividades criminosas.
O parlamentar denunciado teria utilizado o mandato para favorecer a facção, nomeando comparsas para cargos na Alerj e intermediando operações ilegais, segundo o MPRJ.